Título: Ministério opta por programa mais complexo para evitar gripe das aves
Autor: Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2006, Agronegócios, p. B12

Criticado pela demora em anunciar um plano contra a influenza aviária, o Ministério da Agricultura decidiu adotar um programa mais complexo do que queria o setor privado. Rejeitado por impedimentos jurídicos, o programa de prevenção e combate à influenza aviária e à doença de Newcastle exigirá mais tempo e recursos públicos para estabelecer as diferenças entre os níveis de fiscalização e controle em cada Estado, de acordo com um alto funcionário da Pasta. O setor privado queria a proibição do trânsito interestadual de aves vivas e material genético, a declaração das zonas livres e tratamento separado de cada Estado para facilitar o controle e a erradicação de possíveis focos de doenças. Mas, diante dos impedimentos legais, o ministério optou por realizar antes um minucioso estudo soroepidemiológico dos plantéis e uma avaliação rigorosa dos critérios de fiscalização e inspeção adotados pelos serviços veterinários de cada Estado do país. Depois de estabelecidas as diferenças entre os Estados, deverão ser formados espécies de "circuitos avícolas", numa classificação parecida com os circuitos pecuários para casos da aftosa. Só então serão declaradas as condições sanitárias de cada Estado e determinadas as proibições de trânsito. Pelo texto do antigo plano de regionalização sanitária da avicultura, ficaria permitido só o transporte de animais abatidos de um Estado para outro por corredores sanitários, com controle em postos fiscais previamente indicados. Haveria também o monitoramento das aves migratórias num raio de 10 quilômetros em torno das áreas liberadas. O novo programa, anunciado pelo ministro Roberto Rodrigues em dezembro de 2005, deveria ter entrado em vigor em 1º de janeiro. Mas problemas com pessoal especializado no tema e entraves jurídicos à principal mudança no trânsito dos animais complicaram o programa. O setor privado tem pedido urgência ao governo federal para tirar o plano do papel em conseqüência dos temores despertados pelo vírus letal da influenza aviária (H5N1) já detectado na Ásia, na Europa e na África. O governo sustenta que são muito baixas as chances de a influenza chegar ao Brasil. Mas as aves migratórias originárias da América do Norte, importantes vetores da doença, têm ameaçado a tranqüilidade brasileira. Monitoramento do Ibama mostra que o Brasil já teve registros de influenza de baixa patogenicidade - dos tipos H3 e H4 - em aves migratórias identificadas em Galinhos (RN), Manaus (AM), no Arquipélago de Bailique (AP) e na Lagoa do Peixe (RS). Já foram registradas um total de 163 espécies migratórias em solo brasileiro. O foco para evitar a influenza é o monitoramento de aves migratórias na Lagoa do Peixe (RS), Reentrâncias Maranhenses, Coroa do Avião (PE) e na Costa do Amapá.(MZ)