Título: Bush procura melhorar a imagem dos EUA na AL
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2004, Internacional, p. A-13

O presidente americano, George Bush, está tentando melhorar a imagem dos EUA na América Latina. Ele se reuniu ontem, em encontro paralelo à cúpula da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec), com os presidentes do México, Vicente Fox, e do Peru, Alejandro Toledo. A cúpula, de dois dias, terminou ontem, mas Bush tinha planos de deixar o Chile apenas hoje, fazendo assim uma curta visita de Estado ao presidente chileno, Ricardo Lagos. Ao voltar para os EUA, hoje, estava programada uma escala na Colômbia [leia texto abaixo]. No encontro com Fox, Bush prometeu retomar no ano que vem a proposta de um programa para trabalhadores estrangeiros temporários nos EUA. Em janeiro, Bush propôs que os imigrantes ilegais nos EUA - estimados entre 8 milhões e 10 milhões - tenham a situação regularizada, com permissão para trabalhar pelo menos seis anos. Mas o Congresso não aprovou o acordo e a política externa da Casa Branca voltou a se concentrar em outras questões, como a guerra do Iraque. Ontem, o presidente americano disse a Fox que em sua campanha eleitoral deste ano defendeu um acordo sobre os imigrantes que trabalham ilegalmente nos EUA. Recebeu 44% dos votos hispânicos, contra 35% na eleição de 2000. Segundo Fox, mais de 1 milhão de pessoas cruzam a fronteira entre México e EUA por dia, disse Fox. Falando a jornalistas depois de se encontrar com o presidente mexicano, Bush disse que "compartilhamos a preocupação de tornar segura a nossa fronteira". Uma forma de fazer isto, acrescentou, "é ter políticas de imigração razoáveis". Esses encontros e a escala na Colômbia sinalizam a preocupação da Casa Branca em se reaproximar da América Latina, segundo observadores. Para alguns analistas, porém, não será fácil para Bush reverter a má imagem dos EUA na região. A grande maioria dos latino-americanos é contra a guerra do Iraque e uma parte significativa considera a posição pró-livre mercado e abertura econômica da Casa Branca como uma intervenção indesejada de Washington. Além disso, há a percepção de que a região foi negligenciada pelo governo Bush desde os ataques terroristas de 11 de setembro. A América Latina também está sendo cortejada pela China, com a visita do presidente Hu Jintao ao Brasil e Argentina antes de ir à cúpula da Apec, no Chile. A cúpula foi marcada por um incidente na noite de sábado. Agentes chilenos tentaram impedir a entrada do guarda-costa de Bush num jantar oficial. O presidente dos EUA deixou a primeira-dama, Laura, e foi ao local da confusão, de onde conseguiu puxar o agente, que o acompanhou no jantar. Ontem ocorreu um novo incidente. Por falta de acordo entre EUA e Chile sobre medidas de segurança, foi cancelado um jantar oficial programado para 250 pessoas. Os representantes dos 21 membros da Apec - países e territórios americanos e asiáticos que têm litoral no oceano Pacífico que pretendem criar uma zona de livre comércio até 2020 - se comprometeram ontem a manter as conversações multilaterais sobre comércio e cooperar no combate ao terrorismo e à corrupção. Disseram ainda que vão estudar a padronização dos acordos comerciais bilaterais. A diversidade desses tratados aumenta a quantidade de documentos com que empresas têm que trabalhar.