Título: Votorantim consolida posição nos EUA e avança na América do Sul
Autor: Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2004, Empresas, p. B-1

Novembro tem sido, até agora, um mês de intensa movimentação no grupo Votorantim. O conglomerado controlado pela família Ermírio de Moraes não poupou tempo e dinheiro e abriu uma temporada fértil de compras. Em duas semanas, efetivou três investidas estratégicas, uma em cada um dos seus três principais negócios - celulose e papel, cimento e metais. Valor total das operações: US$ 970 milhões. Os movimentos do grupo foram marcados pela continuidade e diversificação de sua estratégia de internacionalização, iniciada em agosto de 2001 no setor de cimento. O grupo deu novo passo nesse negócio e ampliou sua escalada no exterior ao estrear no setor de metais, especificamente na área de zinco. Neste caso, atravessou as fronteiras da América do Sul. Nos Estados Unidos, firmou carta de intenção de compra de duas fábricas de cimento da mexicana Cemex por US$ 400 milhões. Com isso, o grupo consolidou sua posição na América do Norte, especificamente na região dos Grandes Lagos, onde assume a liderança do mercado com fatia de 28% a 30%.

Depois de um longo tempo na espreita, à caça de uma boa oportunidade, a Votorantim Metais - braço dos negócios de zinco, níquel e aço - arrematou por US$ 210 milhões, na sexta-feira, a refinaria de zinco Cajamarquilla. O ativo foi vendido pela canadense Teck Cominco. Situada em Lima, a unidade tem capacidade para produzir 130 mil toneladas por ano. Com Cajamarquilla, a Votorantim dá um salto qualitativo no ranking internacional de zinco: sai do décimo lugar, atrás de Noranda e Teck Cominco, e passa a ocupar a quinta posição, com produção acima de 400 mil toneladas. Atualmente, com duas refinarias no Brasil, produz 275 mil toneladas de zinco ao ano. A Teck Cominco era dona de 85% do capital de Cajamarquilla e por isso vai receber US$ 136 milhões em dinheiro. A participação restante pertencia 14% à japonesa Marubeni e 1% aos funcionários da refinaria. Segundo comunicado feito pela companhia canadense, a Votorantim Metais fará pagamentos adicionais aos vendedores durante os próximos cinco anos caso o preço do zinco se mantenha acima de US$ 45 centavos por libra-peso. Na sexta-feira, na Bolsa de Metais de Londres (LME), o zinco fechou cotado US$ 1.147,50 a tonelada nos contratos para entrega em três meses. No mês, o metal teve alta de 10,98% e no ano de 12,39%. Em 12 meses, o aumento chega a 24,05%. Em 2002, quando a Votorantim adquiriu a Paraibuna de Metais do grupo Paranapanema, o metal era negociado pouco acima de US$ 800 a tonelada. Depois da siderúrgica Gerdau, um dos mais ativos do país, o grupo Votorantim tem se destacado no movimento de internacionalização de empresas brasileiras. A Vale do Rio Doce tem dado alguns passos, ainda tímidos, à espera de uma grande oportunidade de aquisição no exterior. Mas o grupo Votorantim também não descuida do mercado interno. Em parceria com a concorrente Suzano Bahia Sul, a Votorantim Celulose e Papel (VCP) há menos de 15 dias anunciou a aquisição da Ripasa. Suzano e VCP ficaram cada uma com metade da fabricante especializada em papéis, desembolsando US$ 720 milhões. Desse valor, US$ 480 milhões serão pagos até o fim de março. O restante dentro em seis anos. Essa operação assegurou para as duas empresas fatias importantes no mercado local de papéis e, mais do que isso, barrou o avanço de dois gigantes internacionais que participaram do negócio - a sueco-finlandesa Stora Enso e a americana International Paper. Com negócios diversificados em várias áreas, o grupo Votorantim deve fechar o ano com receita líquida na casa de R$ 17 bilhões. A área de metais, cujos preços atingiram níveis recordes este ano, deverá responder por cerca de 35%, incluindo alumínio. Celulose ficará com 18% e cimento com 30%.