Título: Microsoft cria unidade de negócios móveis no Brasil
Autor: João Luiz Rosa
Fonte: Valor Econômico, 21/02/2006, Empresas &, p. B2

Software Objetivo é explorar oportunidades em celulares inteligentes

Não é de hoje que a Microsoft, a maior fabricante mundial de programas de computador, tem feito incursões no Brasil para expandir sua atuação para outro mercado de massa: os telefones celulares. Nos últimos meses, a companhia fechou acordos com várias operadoras de telefonia móvel e fabricantes de aparelhos para ampliar a oferta de produtos com seu sistema operacional Windows Mobile e se firmar como o padrão no setor. Mas o que parecia ser um esforço ocasional ganhou caráter permanente: a companhia implantou no país sua unidade de negócios para a área de mobilidade. Com isso, a subsidiária brasileira tornou-se a 10ª, entre as 93 que a Microsoft mantém no mundo, a ganhar uma infra-estrutura específica para os negócios de comunicação sem fio. "O que provocou essa decisão foi o tamanho do Brasil e o volume de investimento feito pelas operadoras de telecomunicações no mercado nacional", diz Celso Winik, que já atuava na Microsoft e agora assume o cargo de diretor geral da divisão no país. A unidade de dispositivos móveis é a menor da Microsoft no mundo. No ano fiscal 2005, encerrado em junho do ano passado, apresentou vendas globais de US$ 262 milhões, nem 1% do faturamento mundial. "Apesar disso, trata-se do segmento que cresce mais rapidamente na companhia", diz Winik. No Brasil, a base de telefones celulares é de mais de 86 milhões de assinantes, com expectativa de chegar a 110 milhões nos próximos anos, diz o executivo, com base em informações do mercado. Mas o segmento que interessa à Microsoft é bem menor e mais específico: são os usuários de telefones inteligentes e micros de bolso, que combinam recursos de computação e comunicação e, em geral, são usados por empresas para automatizar forças de vendas ou equipar executivos. "No Brasil, esse segmento representa 6% de tudo o que é vendido, ou cerca de dois milhões de equipamentos por ano", afirma Winik. O preço dos aparelhos depende do pacote de serviço que é contratado da operadora e, dependendo do caso, pode sair de graça. No varejo, a categoria começa com produtos a R$ 1,5 mil. Na corrida para se fixar como o padrão em celulares, a Microsoft enfrenta a Symbian - um consórcio formado pela Nokia, Ericsson, Sony Ericsson, Panasonic, Siemens e Samsung - e a canadense Research in Motion, que produz os aparelhos BlackBerry. Não é uma batalha fácil, mesmo para a Microsoft. Dados internacionais mostram que a companhia de Bill Gates detém 5% do mercado global de celulares inteligentes, enquanto a Symbian fica com mais de 60%. Para fazer frente aos adversários, a Microsoft acredita que pode tirar vantagem da integração crescente entre computadores e dispositivos móveis. Os usuários, hoje, querem mais do que simplesmente falar em seus celulares e uma das novas funções mais procuradas é receber e enviar e-mail. Trata-se de um prato cheio para a Microsoft, que tem longa experiência em software de mensagens, como o Exchange e o Outlook. Na semana passada, no congresso 3GSM, realizado em Barcelona, na Espanha, a Microsoft apresentou celulares com a nova versão do seu sistema, o Windows Mobile 5.0, com o qual promete acesso a e-mails a um custo menor que o proporcionado pelo BlackBerry. As aplicações de negócios são outro ponto. Em geral, as empresas não compram um celular inteligente por causa do aparelho, por melhor que ele seja. Elas buscam um software que atenda a necessidades específicas, muitas vezes desenhado sob medida. É um ambiente sem mistérios para a Microsoft. Pelas contas da companhia, atualmente 270 mil profissionais desenvolvem software com base em suas tecnologias no Brasil. Somando esse número aos que prestam serviços e vendem programas, a base aumenta para 590 mil pessoas. Até agora, a Microsoft já fechou acordos com 93 operadoras e 42 fabricantes de celular no exterior, com a oferta de mais de 18 mil aplicações comerciais, diz Winik. No Brasil, a companhia tem acordos com três operadoras - Claro, TIM e Vivo - e três fabricantes de celular, incluindo a Motorola. O Windows Mobile também está presente em micros de mão da HP e da Dell, outro segmento supervisionado por Winik na Microsoft.