Título: 50% querem que Hamas reconheça Israel
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Fonte: Valor Econômico, 01/03/2006, Internacional, p. A7

Setenta por cento dos palestinos defendem que grupo inicie negociações de paz

Metade dos palestinos acha que o grupo islâmico Hamas, vencedor das eleições parlamentares de 25 de janeiro e prestes a assumir o governo da Autoridade Palestina (AP), deve reconhecer Israel, tal como fez em 1993 o partido nacionalista Fatah, do líder histórico Yasser Arafat. A Fatah dirige a AP, entidade que governa os palestinos, desde sua criação, em 1994, após os acordos de paz de Oslo. Já o Hamas não aceita esses acordos e prega a destruição de Israel.

Segundo pesquisa do instituto Centro Palestino de Opinião, 50,8% dos entrevistados considera que o Hamas deve reconhecer Israel, enquanto 48,5% pensam o contrário. A grande maioria (80%) apóia a continuação do compromisso de suspensão dos ataques contra israelenses, firmado entre o presidente da AP, Mahmud Abbas, no início do ano passado. O Hamas e a Fatah, que é presidida por Abbas, respeitam essa trégua, mas há grupos que continuam lançando ataques contra Israel, como as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa e a Jihad Islâmica.

Além disso, 70% dos entrevistados acham que o Hamas deve iniciar negociações de paz com Israel e 53,5% pensam que a AP deve empregar a força contra os militantes que romperem a trégua. Segundo o estudo, para 94%, a primeira missão do próximo governo deve ser melhorar as condições de vida na Cisjordânia e em Gaza.

Depois de obter maioria no Parlamento, o Hamas designou um de seus líderes, Ismail Haniye, como primeiro-ministro. Ele tomará posse depois de formar o gabinete de governo, no qual pretende incluir membros de outros grupos e partidos.

Em um relatório divulgado ontem, o escritório da ONU de ajuda humanitária advertiu que há um grande risco de aumento da criminalidade se a AP ficar sem dinheiro para pagar os 73 mil membros de suas forças de segurança.

Na segunda-feira, a União Européia aprovou o envio de US$ 142 milhões para a AP, mas ameaça cortar sua ajuda depois da posse do Hamas, se o grupo não reconhecer Israel nem renunciar à violência. Israel bloqueou o repasse dos impostos cobrados sobre produtos importados pelos palestinos e o EUA anunciaram que cortarão sua ajuda à AP se o Hamas não mudar sua política.