Título: Lucro da Caixa cresce 46% e atinge R$ 2 bi
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 21/02/2006, Finanças, p. C3

Balanço Ganho teria sido maior não fosse reforço de R$ 527 milhões das provisões para pendências jurídicas

A Caixa Econômica Federal fechou o balanço de 2005 com o maior lucro da sua história, R$ 2,073 bilhões. O resultado é 46% superior ao de R$ 1,42 bilhão de 2004. Teria sido maior não fosse o reforço de provisões de R$ 527 milhões feito para cobrir antigas pendências jurídicas. O banco conseguiu compensar parte dessa despesa com a reversão de outras provisões de modo que o impacto líquido no resultado foi negativo em R$ 167,7 milhões. O presidente da Caixa, Jorge Mattoso, chamou também a atenção para o fato de o banco ter sido responsável por R$ 115 bilhões em repasses de recursos públicos, como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e PIS. "Estamos respondendo ao desafio de ser um banco social e, ao mesmo tempo, eficiente e competitivo", afirmou Mattoso. O retorno sobre o patrimônio líquido de final de período ficou em 26% em comparação com 21,3% em 2004. Apenas o índice de eficiência ainda é desfavorável. Medido pela relação entre despesas e receitas, o índice de eficiência é melhor quanto menor for. No caso da Caixa, diminuiu de 67,4% em 2004 para 64,5% no ano passado, mas os bancos privados já estão rondando os 50%. Do lado das receitas, favoreceu o banco o aumento de 28,7% das operações de crédito, de R$ 28,9 bilhões em 2004 para R$ 37,2 bilhões em 2005. O crescimento foi puxado pela carteira comercial, que deu um salto de 49%, de R$ 9,8 bilhões para R$ 14,6 bilhões. O destaque foram as operações com pessoas jurídicas que cresceram nada menos que 72% para R$ 5 bilhões. Com 35 milhões de clientes, as operações com pessoas físicas não ficaram muito atrás com aumento de 39% para R$ 9,6 bilhões. A carteira de crédito consignado atingiu R$ 5,5 bilhões, com crescimento de 59,4%, alavancado pela aquisição das carteiras dos bancos BMG e BMB no valor de R$ 996,82 milhões. Outro destaque foi o aumento do crédito habitacional de 26,35 para R$ 20,2%. Com isso, a Caixa conseguiu ampliar a receita de crédito em 31,94% para R$ 7,497 bilhões e aumentar a participação dessa conta nas receitas totais de 19% em 2004 para 22% em 2005. As receitas de tesouraria cresceram 24,4% para R$ 15,1 bilhões mas tiveram reduzida a participação na receita total de 50% para 43%. A dependência da Caixa das receitas de tesouraria ainda é considerada elevada e constitui motivo de preocupação dos analistas. Ela é recorrente desde a capitalização de 2001, quando a Caixa recebeu uma injeção do Tesouro de R$ 9,7 bilhões e transferiu cerca de R$ 40 bilhões em créditos problemáticas para uma outra empresa (Emgea). Dos ativos totais, que fecharam o ano em R$ 188,677 bilhões, cerca da metade é composta por títulos públicos. Mas, para este ano, a Caixa pretende aumentar em mais 44% a carteira de crédito, superando os R$ 50 bilhões, puxada pelas operações com empresas, que devem dobrar, e pessoas físicas. O vice-presidente João Dornelles destacou que o crédito está crescendo sem prejuízo comprometer a qualidade. O total de operações vencidas há mais de 60 dias diminuiu de 6,9% para 6% da carteira. As despesas com provisões para crédito, no entanto, praticamente dobraram para R$ 980,04 milhões. O saldo chegou a R$ 3,773 bilhões, 10% superior ao de 2004. O vice-presidente Bolivar Tarragó afirmou que a cobertura da carteira da Caixa chega a 10%, acima da média do mercado, por causa das operações antigas, quando os critérios de avaliação de risco não eram tão afiados quando os atuais. Outro desafio da Caixa Econômica Federal são as despesas de pessoal que cresceram 17,85% para R$ 5,585 bilhões sobre 2004 principalmente por causa da necessidade do banco de substituir o pessoal terceirizado por contratados. No ano passado, foram cerca de 3 mil; neste ano, mais 3 mil serão contratados. A Caixa Federal fechou o ano com 101,7 mil funcionários, dos quais 18,5 mil prestadores de serviços. A Caixa está focando também no controle das despesas administrativas, que cresceram 5,2% no ano passado para R$ 4,155 bilhões. O banco tem um programa de racionalização de gastos e despesas, que resultou em economia de R$ 494,5 milhões no ano passado, acumulando R$ 1,2 bilhão desde 2003, quando foi criado.