Título: Petrobras busca parceiro para pólo em MG
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 02/03/2006, Empresas &, p. B1

Petroquímica

Após a saída da Dow Brasil, subsidiária da americana Dow Chemical, no final do ano passado, a Petrobras busca agora acelerar as negociações para formar a parceria definitiva para a construção do pólo de ácido acrílico de Betim (MG), destinado, entre outros objetivos, a dar ao Brasil autonomia na produção de superabsorvente (SAP), matéria-prima básica para a fabricação de fraldas descartáveis e absorventes higiênicos. A alemã Degussa, que acaba de comprar a parte de SAP da Dow; a Basf, também alemã, e a americana Rohm and Haas são potenciais candidatos. Em entrevista ao Valor, o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, responsável pela área petroquímica da estatal, disse que a saída da Dow aconteceu porque a Petrobras não aceitou o preço cobrado pelo fornecimento da tecnologia e acrescentou que já estão adiantadas as negociações para encontrar novo parceiro tecnológico. "Não vejo problema no projeto", disse, sem adiantar o nome do novo parceiro. A Elekeiroz, do grupo Itausa, permanece firme na parceria que poderá ter também a Coteminas, indústria têxtil da família do vice-presidente José Alencar, consumidora potencial dos corantes têxteis a serem produzidos no pólo. Basicamente, o projeto tem o objetivo de produzir 160 mil toneladas anuais de ácido acrílico, usando como insumo o propeno produzido pela Refinaria Gabriel Passos (Regap), da Petrobras. A partir do ácido acrílico serão produzidos acrilatos usados na fabricação de tintas e de SAP. O projeto está previsto para entrar em produção entre 2009 e 2010. O pólo de Betim é a segunda investida nos últimos anos da Petrobras para a produção de SAP no Brasil. A primeira previa que a unidade, em parceria com a Basf, seria instalada em São José dos Campos, ao lado da Refinaria do Vale do Paraíba (Revap). Em junho de 2003 as duas empresas concluíram que o mercado não tinha evoluído conforme o esperado e decidiram suspender as negociações. Ontem, a Basf disse oficialmente que não tem nenhum entendimento com a Petrobras para retomar a idéia. Outro grande projeto da Petrobras que poderá ter alguma definição até o final deste mês é a unidade petroquímica básica (UPB), a refinaria petroquímica que vai processar 145 mil barris de petróleo pesado do campo de Marlim (bacia de Campos), considerada o maior investimento petroquímico do Brasil para os próximos anos. A refinaria será construída no Estado do Rio de Janeiro, mas há uma grande disputa pela localização. A governadora Rosinha Matheus (PMDB) defende que fique no norte do Estado, na região de Campos, reduto eleitoral dela e do seu marido, o secretário de Governo Anthony Garotinho, pré-candidato do PMDB à Presidência da República. Outra localização potencial é o município de Itaguaí, região metropolitana da capital, onde a Petrobras possui um terreno e onde já existe uma instalação portuária, o porto de Itaguaí (ex-Sepetiba). O grupo Ultra, principal parceiro da Petrobras, defende a construção em Itaguaí. O diretor da Petrobras disse que o assunto foi posto em banho-maria, propositalmente, para reduzir o clima de polarização política que havia se criado no ano passado. Os estudos de engenharia prosseguiram e até o final deste mês Costa disse esperar que a localização finalmente seja definida, baseada em critérios técnicos. A refinaria está orçada em US$ 3 bilhões e o projeto total, que inclui segunda e terceira gerações petroquímicas, pode absorver investimentos de US$ 9 bilhões. Além do grupo Ultra, já é parceiro certo no projeto o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).