Título: Surge um novo obstáculo aos sacrifícios no Paraná
Autor: Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 22/02/2006, Agronegócios, p. B12

Surgiu um novo entrave ao sacrifício dos animais das fazendas onde o Ministério da Agricultura confirmou a existência de focos de aftosa no Paraná. Por não concordar com os métodos usados na confirmação dos focos, o governador Roberto Requião (PMDB) recusa-se a liberar verbas, equipamentos e pessoal para o trabalho. Integrantes da Secretaria da Agricultura tentam convencer o governador a mudar de idéia, mas sem sucesso. Já chegou a ser cogitada a possibilidade de instituições privadas arcarem com as despesas, o que também não foi aceito até agora. No Paraná, ao contrário de outros Estados, o sacrifício do rebanho não seria feito por tiro, mas com anestesia e degola, o que encarece o serviço. "O governador tem dito que não vai tirar tratores e pessoal de outras obras para fazer isso e que não dará um tostão", disse fonte do setor. Considerando os gastos com pessoal, abertura de valas, compra e colocação de manta de impermeabilização do solo e aquisição de anestésicos que serão usados nos animais, só o sacrifício na Fazenda Cachoeira, onde foi confirmado o primeiro foco de aftosa, ficará em cerca de R$ 300 mil, segundo cálculos de uma pessoa envolvida no processo. O secretário da Agricultura, Orlando Pessuti confirmou que o governador Requião não quer arcar com os custos dos sacrifícios e disse que a Secretária está negociando uma saída com instituições privadas. De manhã, em reunião com sua equipe de governo, Requia havia dito que "o Paraná não tem aftosa. Ela está na cabeça dos responsáveis pelo Ministério da Agricultura". O Instituto Ambiental do Paraná entregou a responsabilidade pelo trabalho para a secretaria. Caso outra instituição assuma, novo pedido de licença terá de ser feito. Como mais seis focos foram confirmados na segunda-feira, o custo do sacrifício de todos os animais é estimado em R$ 1,5 milhão. O Fundepec, criado para indenizar os proprietários e que bancará a metade do valor, não pode arcar com esses gastos. "Isso é responsabilidade do Estado, que deve atuar na emergência e, se quiser, pode cobrar depois da União", disse uma fonte. Pessuti estimou o custo total com indenizações em cerca de R$ 5 milhões. Os donos das fazendas onde foram confirmados os novos focos devem se reunir hoje, em Maringá, para decidir se entrarão na Justiça ou se aceitarão o sacrifício do rebanho.