Título: Sobe tensão entre Coreias
Autor: Fleck, Isabel
Fonte: Correio Braziliense, 21/05/2010, Mundo, p. 20

À frente da articulação que poderá culminar com a adoção de novas sanções contra o Irã, os Estados Unidos advertiram ontem a Coreia do Norte que o ataque com torpedo que teria afundado, em março passado, um navio de guerra sul-coreano foi uma ¿séria provocação¿, que não ficará sem resposta. ¿Definitivamente, haverá consequências¿, alertou, mais de uma vez, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley. A advertência foi feita depois que o grupo de investigadores internacionais ¿ que incluiu especialistas de Estados Unidos, Austrália, Grã-Bretanha e Suécia ¿ concluiu que um submarino norte-coreano foi efetivamente o responsável pelo disparou contra a corveta Cheonan, em uma região disputada do Mar Amarelo. No naufrágio, morreram 46 marinheiros sul-coreanos. ¿Não há outra explicação plausível¿, sustenta o relatório final das investigações, divulgado ontem. A Coreia do Norte reagiu qualificando as conclusões de ¿invenções¿, enquanto a Coreia do Sul e as potências ocidentais afirmaram que os resultados dos estudos são confiáveis. Por sua vez, a China classificou o episódio de ¿um infeliz incidente¿ e pediu diálogo entre aos governos das duas Coreias.

Desafio à paz Logo após a divulgação do relatório, o governo norte-americano emitiu comunicado qualificando o incidente de ¿um ato de agressão¿. Para a Casa Branca, o ataque representou ¿um desafio à paz e à segurança internacional, assim como uma violação ao acordo de armistício¿ que colocou fim à guerra de 1950-1953. De acordo com o secretário de Defesa americano, Robert Gates, o Pentágono está em ¿estreita consulta¿ com Seul para preparar uma resposta. Gates enfatizou, no entanto, que caberá à Coreia do Sul decidir a melhor forma de atuar. As conclusões do relatório de investigação serão um dos temas que a secretária Hillary Clinton vai abordar na viagem iniciada ontem pela Ásia, que inclui visitas ao Japão, à China e àCoreia do Sul. Apesar das advertências, os 28 mil soldados que os Estados Unidos mantêm na Coreia do Sul não foram colocados em estado de prontidão, depois da acusação à Coreia do Norte, de acordo com o chefe de Estado Maior do Exército americano, Mike Mullen.