Título: PMDB indeciso sobre aliança
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 21/05/2010, Cidades, p. 36

Peemedebistas batem o martelo somente no próximo mês a respeito de parceria com o PT, semelhante à que ocorreu no cenário nacional

Durante meses, petistas jogaram duro antes de se declararem abertos à parceria com o PMDB nas próximas eleições. Depois do encontro regional do PT do último fim de semana que aprovou a repetição na capital do país do arco nacional de alianças(1) em torno da candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência, chegou a vez de os peemedebistas tratarem do assunto com cautela. Presidido no Distrito Federal pelo deputado Tadeu Filippelli, cotado para ser o vice do petista Agnelo Queiroz, o PMDB cogita outras opções e só vai tomar uma decisão sobre o assunto em junho. Um dos principais problemas é a pressão do Partido dos Trabalhadores para que os investigados na Operação Caixa de Pandora sejam escanteados e não participem da campanha. Nesta semana, a executiva nacional do PMDB confirmou a indicação do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), como o vice de Dilma, selando assim a aliança nacional com o PT. A parceria será oficializada na convenção nacional, marcada para o próximo dia 12. A cúpula da campanha de Dilma está atenta ao assunto e trabalhou para a aprovação da tese da aliança ampla no encontro regional do PT, realizado no auditório da Legião da Boa Vontade (LBV), no fim da Asa Sul. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, telefonou para vários petistas contrários à aliança com o PMDB para transmitir a posição clara do Palácio do Planalto a favor da dobradinha. No DF, a convenção do PMDB só ocorrerá no segundo semestre de junho. Filippelli e o presidente do PT-DF, Roberto Policarpo, têm conversado. Mas os dois sofrem pressões. No PMDB, há três caminhos: aliança com o PT, candidatura própria e retorno ao passado, com apoio à candidatura do ex-governador Joaquim Roriz. Agnelo trabalha para ter um peemedebista como vice. Queremos o PMDB e esperamos uma decisão do partido, declara o petista. Mas ele sabe que o PMDB não chegou a um consenso. Precisamos de tempo para construir a convergência. Qualquer decisão terá de ser com unidade, analisa Filippelli.

Possível pressão O presidente do PMDB nega que haja pressões para que o partido tome providências com relação aos peemedebistas citados na Caixa de Pandora, entre os quais os deputados Benício Tavares, Rôney Nemer, a distrital afastada pela Justiça Eurides Brito e o ex-parlamentar Odilon Aires, além de Fábio Simão, que integra a executiva regional do partido. Não houve (pressão) e não nos submeteríamos a esse tipo de coisa, nega Filippelli. O vice-presidente da Câmara Legislativa, Cabo Patrício (PT), no entanto, mostra que há rusgas: O PMDB precisa fazer o dever de casa e afastar quem tem problemas éticos. Não quero subir no palanque de quem é pandorista, disse. E acrescentou: Não precisamos do PMDB para vencer a eleição. Se eles não fizerem uma limpeza, é melhor deixar que se juntem com Roriz. O líder da bancada do PT, Paulo Tadeu, também considera difícil a aliança. Na minha avaliação, o PMDB trabalha uma candidatura própria e não tem intenção de punir os envolvidos na Caixa de Pandora, disse. Segundo ele, a posição aprovada no encontro do PT é de aliança apenas com quem não tem problemas éticos.