Título: EUA pedem mais abertura em serviços na OMC
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 01/03/2006, Brasil, p. A4

Os Estados Unidos apresentaram ontem suas principais reivindicações para a negociação de serviços da Organização Mundial do Comércio (OMC). Os EUA participam de 12 dos 19 requerimentos na área de serviços que devem ser apresentados este mês nas negociações da Rodada de Doha. Em teleconferência ontem, a sub-ministra do comércio exterior Susan Schwab disse que os EUA dificilmente vão aceitar o pedido de um grupo liderado pela Índia de aumentar a imigração de trabalhadores qualificados para prestação de serviços. Nos grupos liderados pelos EUA, os países pedem a abertura dos setores de telecomunicações, financeiro, informática, energia, construção, serviços de advocacia, engenharia, audiovisual e educação. Propõem a retirada de restrições à prestação de serviços cross-border (quando o prestador de serviços está fora do país) e de restrições à participação de estrangeiros. "Não há apenas países desenvolvidos interessados na abertura de serviços", disse Schwab. "Mas é claro que há grandes diferenças entre os países. Para exercer advocacia nos EUA, é preciso apenas passar no exame da ordem no Estado. Na França é necessário ser francês". A embaixadora admite que há grandes variações entre os países em relação à abertura de serviços. Com a perda de empregos na indústria para países com custos mais baixos, contudo, os EUA concentram cada vez mais sua economia em serviços. Oito em cada dez empregos são no setor, e, segundo Schwab, o país tem superávit comercial em serviços de US$ 56 bilhões anuais. Na Europa, a moeda única não extinguiu intervenções nacionalistas. No fim de semana, a França aprovou às pressas uma fusão da Suez com a Gas de France para evitar a aquisição da Suez pelo grupo italiano Enel. Nos EUA, a compra da operação de portos por uma companhia de Dubai está paralisada por exigência do Congresso alegando segurança nacional. Entre os países em desenvolvimento com maior interesse na abertura do setor de serviços está a Índia, que tem recebido grande volume de investimento estrangeiro com a prestação de serviços remotos para os EUA - trabalhadores indianos fazem projetos de arquitetura, atendem ligações para serviços ao consumidor e analisam dados de exames médicos.