Título: Exportações crescem, mas governo fica de olho na alta das importações
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 03/03/2006, Brasil, p. A2

A taxa de câmbio está preocupando "seriamente" a equipe do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A cotação do dólar fechou ontem em R$ 2,11, patamar que estimula as importações em geral e as de bens de consumo em especial. Além disso, é muito provável que essa excessiva valorização da moeda brasileira esteja afastando muitas pequenas empresas do mercado internacional. A análise é do secretário de Comércio Exterior do ministério, Armando Meziat. O secretário prevê que o ritmo de crescimento das exportações em 2006 será menor que o das importações. Em grande parte, isso será provocado pelo câmbio. Mas Meziat reconhece que o dinamismo das vendas externas vem sendo mantido pela diversificação de produtos e mercados e também por outros parâmetros ainda não identificados. O impacto do câmbio nas pequenas exportadoras vem sendo estudado pelo ministério, que quer respostas para a queda no número de empresas que venderam ao exterior em 2005. No ano passado, 17.657 empresas realizaram exportações, abaixo das 18.608 de 2004. "Nosso objetivo é sempre ampliar o número de exportadores porque o país tem cerca de 4,5 mil empresas e menos de 20 mil vendem para o exterior. É muito pouco", admite Meziat. Apesar do câmbio, as exportações continuam competitivas. A balança comercial em fevereiro comprova isso. O ministério registrou, no mês passado, US$ 8,75 bilhões em exportações, US$ 5,93 bilhões em importações e saldo de US$ 2,82 bilhões. Os três números representam recordes históricos para fevereiro. Pelo critério de média diária, a taxa de crescimento das vendas foi de 12,8%, mas a das compras foi de 19% em relação a fevereiro de 2005.. No bimestre, as exportações estão crescendo 15,65 e as importações, 17,7%. Comparando pelas médias diárias, as importações de bens de consumo, em fevereiro, foram 26% maiores que as do mesmo mês no ano passado. Nesse grupo, as compras de automóveis produzidos no exterior cresceram 20,4%. Meziat acredita que os números do comércio exterior em janeiro e fevereiro estão "em linha" com a meta de exportações de 2006 anunciada pelo ministro Luiz Fernando Furlan: US$ 132 bilhões. A partir de março, os movimentos são, tradicionalmente, mais fortes. O ministério destacou nas exportações de fevereiro o bom desempenho dos manufaturados. Na comparação com fevereiro de 2005, as vendas desse grupo de produtos foi 14,4% maior, os embarques de básicos aumentaram 12,3% e as exportações de semimanufaturados foram apenas 1,1% maiores. Entre os manufaturados, as maiores variações foram para óleo combustível (239%), motores e geradores elétricos (150,9%), veículos de carga (43,6%), laminados planos (41,1%), automóveis (40,6%), máquinas e aparelhos para terraplenagem (35,9%), tratores (27,6%), motores para automóveis (23%) e autopeças (19%). No lado das importações, a balança comercial em fevereiro foi marcada pelos aumentos em bens de capital (26,6%), bens de consumo (26%), combustíveis e lubrificantes (16,1%) e matérias-primas/intermediários (15,7%).