Título: PT descarta imposições nos Estados
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 03/03/2006, Política, p. A11

A cúpula do PT está fazendo levantamentos semanais para acompanhar a situação eleitoral do partido e dos aliados nos Estados. A intenção é monitorar a legenda para saber onde deve lançar candidatura própria e onde terá que apoiar o nome de um partido aliado do governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um destes levantamentos na semana passada e aproveitou o feriado de carnaval para analisar o diagnóstico do partido. De acordo com o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), a intenção é evitar os erros cometidos no passado. "Traumas como as intervenções ocorridas no Rio em 1998 (apoio a Anthony Garotinho) e em Fortaleza em 2004 (apoio a Inácio Arruda, do PCdoB), não podem se repetir", alertou Berzoini. Um cenário complexo já vislumbrado pelo presidente do PT é Pernambuco, onde Lula terá pelo menos dois palanques potenciais - um do deputado Eduardo Campos, do PSB e outro, de uma candidatura petista, provavelmente o ex-ministro da Saúde Humberto Costa. "O PT pretende lançar candidatos na maioria dos Estados. Mas em casos como esse, não vamos impor nada", garantiu ele. "Se não houver condições de aliança, não vamos fazer movimentos de cima para baixo, que prejudiquem conversas posteriores", concluiu. De acordo com um petista próximo ao Planalto, depois de examinar os levantamentos do PT, Lula tem mais condições para definir os rumos da campanha à reeleição. "Esses levantamentos são essenciais para definir as alterações no ministério", adiantou o petista. Lula pretende finalizar o formato da campanha e do ministério até a próxima semana. "Palocci fica no ministério até o fim", sentencia um aliado. A permanência de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda, argumentam os interlocutores do presidente, não é incompatível com a coordenação da campanha da reeleição. Além disso, o ministro manteria o foro especial, que lhe garante julgamentos apenas pelo Supremo Tribunal Federal. Lula vai conversar com seus ministros até o fim deste mês. Na noite de quarta, o ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, confirmou ao presidente que vai deixar a Esplanada para concorrer ao governo do Distrito Federal. Outros nomes que já adiantaram a intenção de disputar os governos estaduais em outubro são Alfredo Nascimento (Transportes), Saraiva Felipe (Saúde), José Fritsch (Pesca) e Jaques Wagner (Bahia). O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar também sairá, mas não definiu se disputa algum cargo. Permanece delicada a situação de Jaques Wagner. Só recentemente, em novembro, Lula manifestou ao ministro que o quer no governo e na campanha, o que o impediria de disputar o governo da Bahia pelo PT. Wagner considera que a sua candidatura foi construída no Estado, e que será difícil desistir agora. "Precisamos ver onde somos mais úteis", disse. Cotada para disputar o governo do Acre, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também demonstrou incômodo diante da própria situação. "Vocês é que estão com pressa. A situação no Acre só será definida no fim do mês", desconversou.