Título: Repaginada, EDS quer retomar velha forma
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 03/03/2006, Empresas &, p. B3

Software Presidente da segunda maior companhia de serviços de informática veio ao Brasil para o Carnaval Depois de três anos à frente da reestruturação da Electronic Data Systems (EDS), Michael Jordan decidiu neste ano se dar ao luxo de cair no samba. O presidente da segunda maior empresa do mundo em serviços de computação esteve no Brasil nesta semana para ver, assistir e também desfilar no Carnaval carioca junto com outros 40 executivos da EDS. Não que a recuperação da EDS esteja completa. Longe disso, segundo ele. Mas algumas coisas já melhoraram na companhia que beirou o colapso depois de fechar um contrato bilionário com a Marinha americana em 2000. O que à primeira vista parecia um pote de ouro se transformou em seguidos prejuízos, já que os problemas encontrados da Marinha eram muito maiores que os inicialmente calculados. Mas, no mês passado, cinco anos depois de sua assinatura, Jordan anunciou que o contrato com a Marinha rendeu o primeiro lucro. Para chegar nisso, o presidente mundial teve de se desfazer de diversas empresas que estavam na estrutura da EDS - como a consultoria AT Kearney - e demitir quase 20 mil empregados no mundo todo, cerca de 15% de sua força de trabalho. Por outro lado, a EDS também fez investimentos. Criou com a Towers Perrin uma companhia para a terceirização dos serviços de recursos humanos. "Essa é uma área na qual as grandes empresas ainda investiram muito pouco", diz Jordan. "Não era apenas o contrato com a Marinha que era problemático. Muitos outros também não traziam resultados e tivemos de revê-los", explica o presidente. Em 2003, quando o executivo chegou à EDS, a empresa tinha um caixa de US$ 300 milhões para uma dívida de US$ 1 bilhão. Hoje essas linhas do balanço estão praticamente equilibradas em US$ 3 bilhões. A EDS fechou 2005 com um lucro de US$ 150 milhões, cerca de 5% menor do que no anterior. Mas no cálculo pró-forma, que exclui os efeitos da reestruturação, o resultado líquido dobrou para US$ 324 milhões mesmo com a manutenção das receitas em US$ 19,8 bilhões. Neste ano, os papéis da EDS se valorizaram 13,65%, mas essa alta ainda não convenceu todos os investidores. Dos 21 analistas listados na Bloomberg, apenas quatro recomendavam a compra das ações. Em um relatório recente, a consultoria Gartner afirmou que, no ano passado, a EDS passou da fase da reestruturação para a do crescimento. Mas ressaltou que a empresa ainda precisa dar mais provas de um crescimento sustentável. No Brasil, segundo Jordan, os resultados da EDS têm sido mais positivos do que aqueles obtidos mundialmente. A receita - não revelada pela companhia - cresceu 25%, se não for considerada a variação cambial, puxada principalmente pela exportação de serviços. No ano passado, foram contratados 1.200 funcionários e neste ano devem ser empregados outros 2.000 para dar conta da expansão prevista de 15% no faturamento. As áreas que a EDS mais espera crescer no Brasil são softwares - cuja fábrica fica em Araraquara (SP) - e exportação de serviços. Nesse último caso, a participação no faturamento deve saltar de 13% em 2005 para 20 neste ano.