Título: Ouro faz a diferença na Páscoa desse ano
Autor: Chris Martinez e Tainã Bispo
Fonte: Valor Econômico, 06/03/2006, Empresas &, p. B6

Chocolate Pequenos fabricantes e importadores trazem luxo para agradar clientes que pagam até R$ 1 mil em um ovo

Um antigo hábito praticado entre os nobres e milionários mundo a fora pode estar a um passo de virar moda outra vez. Pelo menos, no Brasil. As chefs Andressa Vasconcellos e Cristina Almeida, da recém lançada Saint Phylippe, e Renata Arassiro, dona de uma grife de chocolates que leva seu nome, decidiram resgatar o ouro como ingrediente especial nos seus ovos para esta Páscoa - que acontece no dia 16 de abril. Um luxo para ver e comer. De espessura finíssima, folhas de ouro comestíveis importadas da Itália dão o toque de sofisticação nos ovos da Saint Phylippe. Não chegam a ter gosto, mas, cortadas em filetes, revestem de nobreza os chocolates. A "jóia" de um quilo sai por quase R$ 1 mil. Na verdade, R$ 999,00, para a versão recheada com marzipã. Sem essa pasta de amêndoa e açúcar, o preço cai para R$ 800. Ambos são feitos com cacau importado da Ásia, África ou América Central, o que levou as chefs a batizar os ovos com uma espécie de selo de garantia de origem, ou "doc". "Comer ouro, além de ser uma tendência internacional, é o luxo do luxo", diz Andressa que já trabalhou com o estrelado chef Martín Berasategui na Espanha. A Saint Phylippe tem opções mais em conta e igualmente charmosas: como ovos com bicho de pé, ganache de champanhe, ou com aceto balsâmico. A chef Renata Arassiro optou, além do ouro, pelas formas inovadoras. Lançou, este ano, o "Ovo Escultura", que faz jus ao nome, e é colocado sobre um pedestal. A peça, de 500 gramas e decorada com folhas de ouro, sai por R$ 130,00. Tem 70% de cacau. E a base é importada da Ilha de São Tomé (África), cujo maior apelo é ter os grãos de um só tipo e não um "blend", como na maioria dos casos. Há uma versão de 7 quilos, que ainda não tem preço definido. Serão vendidos no empório Santa Luzia. O que as chefs estão apostando agora começou anos atrás e deu fama a Peter Fabergé. Mas sem chocolates. A joalheria Fabergé, com bem mais de 100 anos, fazia ovos de ouro e com pedras preciosas que eram dados de presente entre a nobreza de diferentes países. Algo bem diferente dos chineses que, na verdade, difundiram a moda de presentear amigos com ovo - só que cozido. O charme ficava por conta de um colorido na casca. A belga Neuhaus, com lojas no shopping Iguatemi e nos Jardins, ambas em São Paulo, aposta em ovos miniaturas, sem abrir mão dos tradicionais - procurado pela clientela que não se importa em pagar R$ 700,00, como na Páscoa passada. "Vendemos 200% nessa época do ano", diz Mirella Ranzini, gerente da loja. Sem abrir o número, ela diz que a Páscoa também estimula a venda bombons - 100 gramas sai por R$ 32,50. Todos os produtos são importados. Para a Chocolat du Jour, a grande sacada desse ano foi lançar ovos recheados com joaninhas e fazer uma opção para os apaixonados. O ovo "Te Amo", com chocolate crocante, traz letrinhas das palavras que dão nome ao chocolate. "Sempre fazemos inovações, mas o grande apelo da marca é trabalhar com chocolate feito para ser consumido rapidamente", diz Patrícia Landmann, gerente de marketing. A Le Bonbon, de Ribeirão Preto, que terá sua primeira na capital aberta - em 16 de março - um mês antes da Páscoa, quer conquistar novos clientes com ovos recheados de geléia de damasco ou a casca coberta de marshmallow.