Título: Impacto do câmbio baixa crescimento para 3% em 2005
Autor: Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 06/03/2006, Empresas &, p. B6

O efeito da valorização do real frente ao dólar também não deixou ileso o desempenho do grupo Votorantim no ano passado e puxou para baixo seu ritmo de crescimento. Há vários anos, o conglomerado exibia taxas de dois dígitos, em alguns deles chegando a próximo de 20%. O número ainda não oficial de 2005 aponta magros 3% de aumento na receita líquida, comparada à do ano anterior. O balanço financeiro do grupo deverá ser divulgado até o fim do mês. Para este ano, a expectativa é mais otimista - pelo menos 12% de alta. Esse número mantém em linha a taxa média de 14% ao ano, afirma Carlos Ermírio de Moraes, presidente do conselho executivo. "A estabilidade dos indicadores econômicos no mercado interno e a manutenção do ciclo de alta dos preços das commodities vão favorecer os resultados do grupo", diz. Alumínio, zinco e níquel, produtos com expressivo peso no portfólio do grupo, continuam em ritmo de altas recordes no mercado internacional e não há perspectivas, no curto prazo, do fim do desequilíbrio entre oferta e demanda, pois a China ainda é uma voraz consumidora de matérias-primas. Suco de laranja, do qual o grupo já é o terceiro maior produtor do país, também sinaliza bom ano. O grupo é um dos maiores exportadores nacionais, com embarques de US$ 1,5 bilhão em 2005. Os principais produtos vendidos ao exterior são alumínio, zinco, níquel, celulose e suco de laranja. No Brasil, a aposta está na retomada da demanda de cimento e de aço longo por conta do pacote de redução de tributos na construção civil e por se tratar de um ano de eleições, com retomada de obras em infra-estrutura e na área habitacional. Depois de anos estagnado, o consumo de cimento subiu 4% em 2005. Espera-se que vá além disso com o benefício. "Será um ano melhor que o que passou." Para Carlos Ermírio, o câmbio valorizado é um fator que anula grande parte do crescimento. Em 2005, o grupo trabalhou sob uma visão de dólar médio de R$ 2,55. Acabou em R$ 2,44. Seu planejamento para o exercício deste ano foi feito em R$ 2,35. Certamente, será revisado. "Há uma liquidez internacional que está ávida ao risco no Brasil", diz José Roberto Ermírio de Moraes, presidente da Votorantim da Industrial, explicando a contínua entrada de dólar no país. O resultado operacional da Votorantim em 2005 "caiu um pouco", segundo José Roberto. A previsão de queda, quando o balanço for publicado, está na casa de 13%, comparado ao desempenho de 2004, que atingiu R$ 6,34 bilhões de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. O importante, diz ele, é que sua trajetória de expansão mantém-se no nível anual de 11%. "Para 2006, esperamos um aumento de 20%." (IR)