Título: Tucanos temem que verticalização impeça 2º turno
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 08/03/2006, Política, p. A8

O PSDB já teme que a manutenção da regra da verticalização empurre o processo eleitoral para uma decisão de primeiro turno. Num cenário engessado com a verticalização, o PMDB não lançaria candidato próprio. Para os tucanos, o ex-governador Anthony Garotinho, por exemplo, teria votos suficientes para levar a decisão ao segundo turno. Num novo cenário, querem agilizar a escolha do candidato para trabalhar a candidatura do rival de Lula. A tentativa desta reta final da definição tucana também é pela manutenção da unidade partidária, esgarçada pelo centralismo de sua cúpula. Na busca de uma solução pragmática, não se descarta a chapa Alckmin-Serra para a Presidência e o governo paulista, apesar da resistência do grupo do prefeito tucano. A chapa seria uma demonstração de que o partido estaria unido. E a desincompatibilização de Serra do cargo, avaliam os favoráveis à chapa Presidência-governo, acabaria sendo aceita pelos paulistanos. Lideranças serristas garantem que, caso ele não concorra ao Palácio, Serra deverá manter-se no cargo, de acordo com avaliações feitas por lideranças do PSDB. A possibilidade de o tucano candidatar-se ao governo do Estado é considerada difícil e arriscada. Se é para correr riscos, Serra seria candidato à Presidência. A decisão partidária final deve ser consolidada com a volta ao Brasil do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, até o fim da semana. Aliado de Serra, o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman, considera "absurda" e "fora de cogitação" uma disputa pelo governo paulista. Goldman fez a ressalva que "Serra não é candidato", por ainda não ter declarado publicamente esse desejo. "Serra só será candidato se tiver apelo do partido. Não vai ser ele que vai escolher e sim o partido", comentou. Caso o prefeito se desincompatibilize, deixará para o vice Gilberto Kassab (PFL), 2 anos e 9 meses de mandato. Um fato parece consolidado entre os tucanos: os riscos da candidatura de Serra são maiores e o prefeito só se lançará se tiver um "chamamento" do partido. E para isso, é preciso que Alckmin seja o puxador do coro. O governador paulista tem dito que apoiará integralmente a decisão partidária, mas não abre mão de concorrer à vaga. A definição do candidato nem de longe põe fim à novela. Os aliados de Serra lamentam uma sucessão de equívocos políticos do PSDB. Ganhou espaço na legenda descontentamentos com dirigentes emblemáticos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Tucanos alegam que FHC não atuou diretamente num momento delicado do partido. Outro problema é como ficaria o cenário para a disputa em 2010. Alckmin teria que trabalhar pelo fim da reeleição. Aécio tentará se credenciar para a disputa presidencial caso seja reeleito no Estado neste ano. Já Serra, se preterido agora, também estaria no páreo em 2010. Uma nova briga tucana estaria à vista. O PFL aguarda ansioso uma definição do PSDB. Desde ontem o partido reiniciou um bombardeio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas inserções em rádio e televisão. Serão quatro tipos diferentes de inserções de 30s, veiculadas até 23 de março. São ataques diretos a Lula. " Governo Lula: corrupção e incompetência. Ninguém merece " é o slogan das inserções.