Título: PSB exige tratamento VIP
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 22/05/2010, Política, p. 6
ELEIÇÕES
Partido cobra de Dilma Rousseff presença em palanques estaduais concorrentes ao PT para consolidar a aliança presidencial
Ao confirmar o apoio à pré-candidatura de Dilma Rousseff (PT) ao Palácio do Planalto, o PSB pediu mão dupla nos estados e tratamento igualitário na hora de ela escolher em quais palanques de candidaturas aos governos estaduais de partidos aliados vai subir. O objetivo é garantir que a petista não deixará os socialistas jogados para escanteio nos estados, relegados à própria sorte, num recado direto ao embate em São Paulo.
¿Dilma não é só candidata do PT. Ela é candidata de um conjunto de partidos e todos esses partidos terão de ser tratados de forma respeitosa e equilibrada. De outro jeito seria inaceitável¿, disse o presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Em São Paulo, o PSB lançou ontem como pré-candidato a governador o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
Os socialistas querem o compromisso de que Dilma Rousseff pisará também no palanque de Skaf e não dará atenção apenas ao pré-candidato do PT Aloizio Mercadante. Um dos motivos para o presidente da Fiesp manter o nome no páreo é uma avaliação de que ele poderá enxugar votos do pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, viabilizando um segundo turno. Pesquisas de intenção de votos mostram o tucano com vantagem que o leva à vitória na primeira rodada de votações.
¿O perfil do Skaf mostra que ele cresce no eleitorado do Alckmin e é importante para a candidatura da Dilma¿, disse o líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF). ¿Vamos querer tratamento igual¿, reforçou o deputado.
A decisão de confirmar o apoio a Dilma partiu do Diretório Nacional, reunido ontem em Brasília. O órgão também marcou a convenção que chancelará a posição para 14 de junho, no dia seguinte à oficialização pelo PT de Dilma como candidata.
O diretório também descartou enquadrar as instâncias regionais do partido que decidirem pelo apoio à candidaturas de legendas de oposição, como é o caso do Paraná e de Alagoas. O PSB paranaense está ao lado do ex-prefeito de Curitiba Beto Richa na corrida pelo governo local contra o PT. Em Alagoas, os socialistas sustentam o palanque do governador, Teotonio Vilela, que busca a reeleição. Há outro caso ainda que é o inverso, o ex-prefeito de João Pessoa Ricardo Coutinho (PSB) disputará o governo da Paraíba com apoio tucano e contra o PT, que apoia a reeleição do governador José Maranhão.
Segundo Eduardo Campos, mesmo aliados a agremiações de oposição, os socialistas devem seguir a orientação nacional e votar em Dilma para presidente e em candidatos correligionários para deputados e senadores. O PSB terá 10 candidatos a governo e 9 ao Senado. ¿A nossa orientação é que vereadores e prefeitos têm que votar nos candidatos do PSB porque nosso objetivo é aumentar as bancadas no Senado e na Câmara¿, disse Campos.
Ciro O governador de Pernambuco buscou minimizar a insatisfação do deputado Ciro Gomes, que foi obrigado a desistir de sua pré-candidatura ao Planalto. O irmão do deputado, governador do Ceará, Cid Gomes, sustentou ontem, depois de encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que Dilma terá apoio de Ciro. Lula, segundo Cid, perguntou sobre o que o deputado anda fazendo. Ciro Gomes está nos Estados Unidos, licenciado do mandato.
O número 10 Número de candidatos do PSB ao governo
Palocci e Dutra fora Atendendo a um pedido da presidenciável Dilma Rousseff, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, decidiram abrir mão de candidaturas à Câmara para se dedicarem exclusivamente à campanha da ex-ministra. Palocci, deputado por São Paulo, já ocupava o cargo de coordenador de campanha. Ministro da Fazenda de Lula entre janeiro de 2003 e março de 2006, Palocci saiu da pasta em meio às suspeitas de ter operado para quebrar o sigilo bancário de Francenildo Santos Costa. O caseiro deu entrevistas em que afirmou ter testemunhado reuniões do ministro com lobistas numa mansão em Ribeirão Preto (SP) onde supostamente ocorriam negociatas. O STF absolveu Palocci da acusação no ano passado.
Dutra enfatizou que a boa chance de vitória que teria no pleito de outubro fica em segundo plano diante do projeto presidencial de Dilma. ¿Desde que a companheira fez esse pedido, eu e Palocci conversamos muito. Éramos candidatos com perspectivas favoráveis, mas entendemos que era nossa obrigação atender ao pedido da Dilma¿, comentou.
Sobre a possibilidade de assumir um ministério caso Dilma vença, Dutra desconversou. ¿A minha decisão de desistir da candidatura não tem vinculação com quaisquer promessas para ocupar cargos num futuro governo¿, enfatizou. O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), disse que tentou fazê-lo desistir da ideia de não ser candidato. ¿Achei que a candidatura dele deveria permanecer¿, disse. Dutra comentou, ainda, que até o início da campanha oficial, em 5 de julho, a tendência é que José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff deverão aparecer muito próximos nas pesquisas de intenções de voto.