Título: Palocci diz que prefere continuar no ministério a coordenar campanha
Autor: Maria Lúcia Delgado, Cristiane Agostine e Caio Jun
Fonte: Valor Econômico, 09/03/2006, Política, p. A12

"Se depender de mim, fico no ministério". Foi assim que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, respondeu ontem se, afinal, continua no ministério ou sai para coordenar a campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Conversei com ele (Lula) e já sugeri para não recair sobre mim esse honroso papel", disse Palocci sem ironia. "A minha vontade é de continuar no ministério, nada mais que isso. Ele não me pediu outra coisa e já mostrou que está tudo bem assim. A vontade dele é esta. Já outras pessoas preferem que eu participe da campanha, mas isso não é um fato". O ministro não quis responder, porém, sobre as noticias de que será indiciado em Ribeirão Preto por causa de suposto "mensalinho" quando era prefeito da cidade. Longe do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua agindo como candidato. Pelo menos um participante de sua delegação ao Reino Unido chamava ontem a atenção para seu discurso a empresários ingleses, onde mencionou várias vezes as mulheres. "É muita habilidade", dizia entusiasmado o funcionário, lembrando que justamente as mulheres são as mais resistentes a sua reeleição, conforme mostraria uma pesquisa do Ibope. Em Londres, Lula disse que a primeira lição que aprendeu não foi em universidade, que nunca cursou, mas com donas de casas. "Elas sabem que não se deve gastar mais do que se tem, porque alegria falsa pode significar tristeza muito mais fortes". Ao fim do discurso, comentou o dia mundial das mulheres "sem as quais não seriamos o que somos". Já na delegação o que ninguém quer falar é sobre o escândalo provocado pelo comandante do Exército, general Francisco de Albuquerque, que fez um avião voltar da pista para ele embarcar com a mulher no lugar de um casal que desembarcou. O ministro Gil minimizou o caso. Para ele, "essa história do sabe quem quem sou" acontece tanto no Brasil como em qualquer lugar do mundo. "Não estou dizendo que é normal, mas que é um problema da sociedade humana. É a hierarquização do poder para diferentes finalidades".