Título: Palocci critica proposta de usina nuclear
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 09/03/2006, Especial, p. A16

As declarações do ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, de que o governo tem projeto para construir até sete usinas nucleares nos próximos 15 anos, causaram confusão na delegação brasileira em Londres. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente do BNDES, Guido Mantega, se mostraram surpresos, dizendo nunca terem ouvido falar desses planos. E mostraram que são contrários. "O Brasil tem energia elétrica com vantagem comparativa extraordinária, inclusive ambiental", disse Palocci. "A alternativa de recursos hídricos é mais justificada, e no caso do Brasil é ambientalmente mais equilibrada e mais barata." Rezende fez o anúncio na terça-feira, em entrevista à BBC Brasil. Ele disse que a energia nuclear voltou a ter importância com o custo atual do petróleo e a proposta será enviada para exame nas próximas semanas para a Câmara de Política Energética. A matriz energética brasileira dependente da energia nuclear passaria de menos de 1% atualmente para 5%. O ministro chegou a dizer que a energia nuclear é menos poluente que a energia hidrelétrica. Enquanto Rezende argumentava que a opção nuclear é importante inclusive por causa das lições do apagão de 2001, Palocci retrucou que a produção de energia no Brasil "não corre risco nenhum". Ele insistiu que o governo não tomou decisão sobre o montante de investimentos públicos que irá para energia hidrelétrica ou nuclear. Para Mantega, o que o Brasil tem de fazer é diversificar suas vantagens comparativas. "O Brasil é um exemplo para o mundo, e temos álcool produzido barato e de boa qualidade, com alta tecnologia." A rainha Elizabeth II, durante almoço com o presidente Lula, focalizou sobretudo a produção de biocombustível no Brasil. Ontem, o presidente insistiu mais uma vez, em discursos, na importância do etanol e do biodiesel como "alternativas seguras energéticas, ambientais e viáveis economicamente". (AM)