Título: Ciro compara PPS à "biruta de aeroporto"
Autor: Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 24/11/2004, Política, p. A-8

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, disse ontem que seu partido parecia uma "biruta de aeroporto" sobre a posição em relação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro comentou as declarações do presidente do PPS, Roberto Freire, de que os ocupantes do partido que possuíssem cargos no governo deveriam entregá-lo. Ciro disse que o atual quadro político aponta para uma polarização entre o PSDB e o governo Lula e que o PPS precisa se definir. "O problema é que o PPS cresceu muito. No início, tínhamos dois ou três deputados e nunca tínhamos feito um governador. Era um partido simples de manejar. Agora somos um partido complexo", considerou. "Não tenho dúvida que a responsabilidade de um partido progressista e sério é forçar a barra para que o governo Lula acerte. Tem que estar disponível incondicionalmente, para que o governo Lula acerte, a bem do Brasil, da democracia e do pensamento progressista do país", afirmou. O ministro também disse que sempre foi favorável a uma fusão entre o PPS e o PDT, e que sua posição permanece inalterada enquanto a do senador e presidente do partido, Roberto Freire, modificou-se em prol da unificação. "Nem tudo está distante entre nós", brincou. Ele confirmou que estará presente a uma reunião que será realizada no Rio, em dezembro, para discutir a fusão. Sobre suas divergências com Freire, Ciro disse que os fatos políticos brasileiros são complexos demais para se ter a verdade pronta, "na ponta da língua" - "O Roberto se comporta assim, como o dono da verdade, capaz de saber coisas muito complexas da boca para fora na mesma hora. Até porque no dia seguinte pode estar pensando totalmente o oposto". O ministro ainda acusou o presidente do partido de não trabalhar por sua unidade - "Há meia dúzia de burocratas magoados, falando de um jeito e o partido todo que saiu das eleições, que tem voto, que tem mandato, pensando de outro". O ministro esteve no Recife para apresentar a nova política de desenvolvimento regional que está sendo elaborada pelo seu ministério. O projeto foi apresentado ontem à tarde na sede da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe). Sobre a reforma ministerial, Ciro disse que não pretende sair do governo, embora a decisão seja, exclusivamente do presidente. "O ministro é um auxiliar do presidente, demissível adnutum. Pessoas passam o que deve permanecer são as idéias", disse. Ciro Gomes também declarou que não pretende sair do PPS. O ministro disse que as discussões internas no partido mudaram de rumo, uma vez que o partido cresceu substancialmente nas últimas eleições. (Com agências noticiosas)