Título: Ações garantem novo superávit à Previ
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 09/03/2006, Finanças, p. C5
Fundo de Pensão Mercado de capitais aquecido faz patrimônio da fundação atingir R$ 82 bilhões em 2005
O excelente desempenho do mercado de capitais em 2005 impactou favoravelmente o resultado da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Previ, maior fundação de previdência do país, cuja carteira de ações responde hoje por 60,8% do seu patrimônio, que no ano passado atingiu a impressionante quantia de R$ 82 bilhões. Os números consolidados do balanço de 2005 da Previ serão divulgados hoje, mas dados preliminares colhidos no site do fundo de pensão adiantam que a fundação fechou o ano com superávit atuarial pelo terceiro ano consecutivo. Nos últimos dois anos a Previ acumulou saldo positivo de R$ 9,7 bilhões. Somente com a reavaliação das empresas elétricas CPFL e Neoenergia, onde detém participações expressivas, a Previ adicionou ao seu patrimônio R$ 2 bilhões. Reavaliação feita por analista independente elevou o valor dessas empresas de R$ 4,1 bilhões para R$ 6,3 bilhões, depois de mudanças promovidas pela Previ e seus sócios. Mais R$ 1,9 bilhão foram obtidos com ganhos de dividendos e juros sob capital próprio de grandes empresas como a Vale do Rio Doce, Petrobras, Banco do Brasil, AmBev, Embraer, Bradesco, Neoenergia e Usiminas, dentre outras. Três empresas que respondem por 30% da carteira de renda variável da fundação - Vale, Petrobras e Embraer - foram elevadas ao grau de investimento pelas agências de risco, o que significou mais valorização dos seus papéis e menos risco. A política de recuperação e reestruturação de empresas levada a cabo pela fundação durante o ano que passou rendeu bons frutos para a fundação e continuará a render em 2006. Além dos ganhos com a reestruturação das elétricas Neoenergia e CPFL, a Brasil Ferrovias, controlada pelos fundos de pensão onde a Previ é majoritária, teve seu modelo de negócios refeito, renegociada sua dívida e modificada sua gestão e iniciada a negociação com futuros parceiros estratégicos interessados na compra da participação dos fundos. A retomada do controle da Brasil Telecom através do antigo fundo CVC/Opportunity foi outra iniciativa importante para recuperação desse investimento, bem como a reestruturação em curso da Paranapanema. A Neoenergia está sendo preparada para ser listada em bolsa este ano, conforme o novo acordo de acionistas. O sucesso da pulverização das ações da Embraer deverá servir de modelo para operações semelhantes em outras empresas onde a Previ participa, já que a meta da fundação é desenvolver o mercado de ações e fortalecer as regras da boa governança. A Previ tem hoje o equivalente a 5% da capitalização de mercado das empresas listadas em bolsa. Em 2005 o fundo manteve concentradas suas aplicações em renda variável, mas reservou parcela de pouco mais de 30% para negócios em renda fixa, boa parte aplicadas em títulos do Tesouro, que devem ter tido um bom retorno para o caixa da Previ por conta dos juros altos que vigoraram todo o ano passado. A boa performance dos ativos correspondeu em 2005 a uma melhoria para os beneficiários, que tiveram reajuste de 6,92% em suas pensões, elevando a folha de de pagamento da Previ para R$ 5,9 bilhões em 2005. O benefício médio subiu para R$ 5.024,15.