Título: Executivo defende papel da auditoria na redução de riscos
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2006, Empresas &, p. B2

Contabilidade Presidente mundial da Ernst & Young diz que firmas mudaram depois dos escândalos

Em recente visita ao Brasil, o presidente mundial da Ernst & Young (E&Y), James Turley, fez questão de conversar com seus clientes locais. Durante um almoço, o executivo deu uma palestra sobre riscos e se colocou à disposição para responder às perguntas de uma platéia com mais de 200 pessoas. O fato podia parecer corriqueiro. Mas aquela foi a primeira vez que o executivo falava com seus clientes do Brasil, país que representou menos de 1% da receita global da firma de auditoria e consultoria no exercício fiscal de 2005. O fato é que Turley estava diante de uma platéia que gerou à E&Y um crescimento maior do que a média obtida no resto do mundo. O faturamento da companhia no Brasil em 2005 aumentou 22,5%, para R$ 271,6 milhões, enquanto ao todo a E&Y cresceu 16%, para US$ 16,9 bilhões. Para o próximo ano, Turley espera que o ritmo de expansão no Brasil se mantenha no mesmo patamar de 2005. Segundo ele, a onda de abertura de capitais, os serviços de consultoria e também os trabalhos relacionados à Sarbanes-Oxley, lei americana que impôs às empresas padrões mais rígidos de controle de risco e de governança corporativa, colaboraram para este resultado. A área de auditoria e gerenciamento de riscos cresceu 33%, para R$ 164,9 milhões. Da leva de companhias que abriram o seu capital, a E&Y conquistou os balanços da Gol e da Grendene. Segundo ranking elaborado pela Comissão de Valores Mobiliários, a E&Y é a quarta maior auditoria do país entre as companhias de capital aberto. Nos últimos dois anos, a E&Y foi ultrapassada pela BDO Trevisan, mas superou a KPMG. O segmento de assessoria tributária aumentou seu faturamento em 13,7%, para R$ 82,9 milhões. Turley explica que a E&Y tem a expectativa de que os serviços ligados a auditoria sejam os de o maior crescimento nos próximos anos. "Por muito tempo, as firmas apostaram mais no planejamento tributário do que na auditoria em si. Hoje a realidade é o contrário", afirma o presidente. De acordo com o executivo, depois dos escândalos contábeis que envolveram empresas como Enron, WorldCom e Parmalat, o cenário mudou. "A grande preocupação dos investidores hoje é com os riscos, e a auditoria é uma forma de protegê-los. Por isso a demanda é crescente." Os nomes de diversas firmas de auditoria estiveram envolvidos nesses escândalos contábeis e muitos sofrem processos até hoje por causa disso. A diferença, afirma o presidente da E&Y, é que depois dos problemas enfrentados as auditorias também mudaram. No balanço mundial da E&Y vê-se que a área de auditoria foi a que obteve o maior crescimento: 23%, para US$ 11,1 bilhões. O setor de diligência contábil e tributária teve alta de 8%, para US$ 1,5 bilhão. Na avaliação de Turley, uma área que também tem contribuído para o crescimento dos negócios da E&Y é a implantação do novo padrão contábil internacional, conhecido pela sigla IFRS.