Título: Agripino Maia é o pefelista mais cotado para vice
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2006, Política, p. A10

Principal parceiro do PSDB na corrida presidencial, o PFL recebeu sem entusiasmo a notícia da escolha do governador Geraldo Alckmin como o candidato tucano a presidente. Com um desempenho inferior ao do prefeito José Serra nas pesquisas de opinião, Alckmin é visto como um azarão na disputa pelo Planalto. Mesmo assim, a cúpula pefelista mantém a disposição de apoiar o candidato. "É bom lembrar que, em corrida de cavalo, o que sai atrás às vezes atropela e ganha", lembra um dirigente pefelista. O próprio prefeito José Serra telefonou ao presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), pouco depois das 15h, para anunciar a desistência. "Ele disse que uma disputa seria muito prejudicial ao partido e que se retirava para evitar a divisão do PSDB", disse o senador catarinense. Poucos pefelistas criticavam publicamente a escolha de Alckmin. Um deles foi o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM). "Liminarmente, a escolha não foi boa. Se a eleição fosse uma corrida de 400 metros, já largaríamos com 100 metros de desvantagem", afirmou. "O governador é pouco conhecido. Vamos ter que remar muito para alcançar o Lula", disse. Apesar das resistências, o PFL deve mesmo indicar o candidato a vice-presidente na chapa tucana. Mas a decisão oficial será tomada somente após uma série de consultas internas que o presidente do partido fará a partir de agora. Bornhausen pretende negociar com o PSDB apoio para os candidatos do PFL a governador. O partido disputa com candidato próprio em nove Estados. Bornhausen também vai discutir com Alckmin o perfil do vice. Mas o escolhido deverá ser do Nordeste - região onde o governador é pouco conhecido. Por enquanto, o nome mais cotado é o do senador José Agripino (RN), que elogiou a escolha do PSDB. "Alckmin será movido por um combustível fundamental: a obstinação por vencer". O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), mais simpático à candidatura Alckmin do que Serra, defendeu ontem que o prefeito dispute o governo de São Paulo. O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, será o primeiro a ser consultado por Bornhausen. Em 2004 ele foi lançado pré-candidato do PFL a presidente e chegou a dizer que abriria mão se o candidato tucano fosse Serra. A desistência de Maia é dada como certa. Mas a posição definitiva do PFL vai depender ainda da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a manutenção ou não da obrigatoriedade da verticalização nas eleições deste ano. Por essa regra, nas disputas estaduais os partidos políticos não podem contrariar as alianças feitas nacionalmente, na eleição presidencial. Bornhausen disse que só dará continuidade às consultas aos diretórios estaduais após a decisão do STF. Ele acha que, mantida a verticalização, a eleição presidencial tende a ser decidida no primeiro turno, porque só deverá haver três candidatos: Lula, Alckmin e a senadora Heloísa Helena, do P-SOL. A aliança do PFL com o PSDB encontra resistências entre setores do partido. A senadora Roseana Sarney (PFL-MA), por exemplo, defende que o PFL não apóie formalmente nenhum candidato a presidente, para que tenha liberdade de formar as alianças mais convenientes.