Título: Datasul faz pedido para lançar ações
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2006, Empresas &, p. B2

Mercado de capitais É a segunda companhia de software, depois da Totvs, a ir à bolsa

A Datasul apresentou ontem, simultaneamente, um pedido de registro inicial de companhia aberta e de aprovação para duas ofertas iniciais de ações, uma primária e outra secundária, ambas lideradas pelo Banco UBS. Segundo prospecto preliminar encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Datasul vai emitir apenas ações ordinárias, que deverão ser listadas no Novo Mercado da Bovespa. Os principais acionistas da companhia no momento anterior à oferta são a M. Abuhab Participações (84,29%) e JS Participações (11,95%). Não é de hoje que a Datasul acalenta o projeto de ganhar músculos com a emissão de ações em bolsa. Há anos comenta-se que a segunda maior empresa brasileira do mercado de software de gestão empresarial - atrás da holding Totvs, que reúne a Microsiga e a Logocenter - tem planos de abrir o capital. Os próprios executivos da Datasul já fizeram apresentações em eventos sobre o assunto, como o Fórum Brasil de Capital de Risco. Em 2004, a Datasul usou recursos próprios para recomprar o equivalente a 32% de seu capital, que desde 1998 estava nas mãos de dois fundos: o South America Private Equity Growth Fund, representado pelo Baring Latin America Partners, e o South America Private Equity Growth Fund Coinvestors, representado pelo BPE Investimentos. Na época, apostava-se que a Datasul iria à bolsa para tornar viável a saída dos fundos, mas o fundador Miguel Abuhab disse que a empresa ainda não tinha o tamanho necessário para fazer isso. Elisabete Machado, da CVM: ritmo acelerado de pedidos de registro

Com a saída dos fundos, a participação de Abuhab aumentou para cerca de 80% do capital. O empresário chegou a ser substituído pelo executivo Carlos Sá no comando das operações do dia-a-dia, no início de 2001, assumindo o posto de presidente do conselho. Em fevereiro de 2002, porém, ele voltou a assumir as rédeas, acumulando as funções. O atual executivo-chefe, Jorge Steffens - provavelmente o nome sob a JS Participações - assumiu o cargo em maio de 2003. Procurada pelo Valor, a Datasul informou, por meio de sua assessoria, que está em "período de silêncio" e que seus executivos não podem falar sobre o assunto. Não há dados atualizados sobre o desempenho financeiro da companhia. Em 2004, o faturamento da empresa e de suas franquias foi de R$ 281 milhões. No primeiro semestre de 2005, as vendas foram de R$ 152 milhões. Estes são os dados mais recentes. O lucro líquido não é revelado. O ritmo de concessão de registros iniciais de companhias abertas está cada vez mais acelerado. Além dos 10 já concedidos pela CVM até a primeira semana de março, a fila de pedidos continua a crescer e já tem outras 12 companhias na espera. Em 2005, 24 novos registros iniciais foram concedidos e, em 2004, o total foi de 16. Segundo Elizabeth Machado, titular da superintendência de relações com empresas (SEP) da CVM, apesar de o ritmo de pedidos de registro ter começado a aumentar em 2004, foi a partir do ano passado que se intensificaram os pedidos de companhias que pretendiam fazer emissões de ações. "No total de registros entram também pedidos de empresas do ramo de securitização ou de administração de participações", explica Elizabeth. Entre as companhias que aguardam a concessão de registro e que pretendem fazer ofertas de ações estão a American BankNote; a Brasil e Movimento (Sundown); a CSU CardSystem e a BrasilAgro. De acordo com Elizabeth, a SEP vem acompanhando de perto as novatas da bolsa com relação ao procedimento de divulgação de informações e o desempenho tem sido "bastante razoável". (Colaborou João Luiz Rosa, de São Paulo)