Título: Bandeira perdeu terreno no Brasil
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2006, Finanças, p. C1

O mercado de cartões de crédito no Brasil não pára de crescer. No ano passado, aumentou 28%. Este ano, deve subir mais 18% e chegar a 80 milhões de plásticos, calcula a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). A American Express (Amex), porém, não conseguiu acompanhar essa expansão nos últimos anos. "Enquanto o seguimento crescia a taxas de dois dígitos, a Amex cresceu bem menos e perdeu mercado", avalia Alexandre Umberti, da Ibope Inteligência, empresa que faz análises periódicas do mercado de cartões. A Amex não divulga seus números, mas analistas calculam que a empresa tenha hoje de 1,3 milhão a 1,5 milhão de plásticos, o equivalente a 2% do total de cartões de crédito existentes no Brasil. No passado, a bandeira americana chegou a deter 10% do mercado. Do volume de transações com os cartões, que fechou 2005 em R$ 129,1 bilhões, os plásticos da Amex são responsáveis por cerca de 10%. Mas também neste caso a empresa perdeu terreno. Em 2002, por exemplo, chegou a ter 12,5% do volume. Calcula-se que o gasto médio do cliente da Amex é mais de três vezes maior que a média do mercado, por isso o interesse dos bancos em ficar com esses clientes. Nos últimos anos, porém, a American Express tentou reduzir sua imagem de "elitista" e popularizar seus clientes, atraindo pessoas de menor renda. Lançou em 2002 o cartão "Blue" e a campanha "Cadê o Sérgio". Outra estratégia foi lançar cartões sem taxa de anuidade e com crédito rotativo, que não existe nos tradicionais plásticos da marca. No mesmo período, o próprio setor de cartões recorreu à mesma estratégia, pois não havia mais espaço para crescer no segmento de alta renda, onde cada cliente tem, em média, três cartões. As bandeiras passaram a oferecer plásticos para pessoas com renda mensal de apenas R$ 300 e é este segmento hoje um dos que mais cresce no Brasil, mostra um estudo da Credicard divulgado recentemente. No ano passado, o número de cartões para a baixa renda avançou 33% e alcançou 15,1 milhões de plásticos. Cerca de 40% da população economicamente ativa (PEA) brasileira, de 75 milhões de pessoas em 2004, segundo o IBGE, ganham entre R$ 300 e R$ 1.000 por mês. Acima de R$ 2,5 mil por mês, há apenas 3,8 milhões de brasileiros, ou 5% da PEA.