Título: Sem medo de juro maior, bolsas exibem fortes altas
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Fonte: Valor Econômico, 15/03/2006, Finanças, p. C2

O medo subjetivo de juros mais altos no horizonte foi arrefecido ontem pelo recuo objetivo dos rendimentos pagos pelos títulos do Tesouro americano, o que trouxe de volta as altas às principais bolsas do mundo. Nos Estados Unidos, o dia foi de saltos longos, levando os índices americanos para perto dos níveis mais altos em cinco anos. E na Europa o mercado acionários também continuou aquecido. Em Nova York, o dia positivo foi puxado pelas ações do setor financeiro, aquecidas pelo lucro trimestral recorde de US$ 2,48 bilhões do Goldman Sachs, muito acima das expectativas. Com isso, os papéis do banco se valorizaram 6,18% e fizeram saltar 1,04% o índice Standard & Poor's 500, que fechou aos 1.297 pontos - o maior patamar desde 3 de janeiro. O Goldman é o primeiro grande banco de investimento a divulgar resultados e a boa surpresa contaminou positivamente todo o setor. As ações do Citigroup e do JP Morgan exibiram altas de quase 1% cada. O Dow Jones, principal indicador da Bolsa de Nova York, subiu 0,68%, a 11.151 pontos. Já o índice do setor de tecnologia, o Nasdaq Composto, avançou 1,27%, a 2.295 pontos, ajudado pelas ações do Google, que dispararam 4,18% após comentários favoráveis de um juiz em um caso no qual o site de buscas está sendo pressionado a abrir arquivos de pesquisas realizadas por internautas. Na Europa, o mercado acionário continuou para cima na terça-feira, ainda aquecido por notícias de fusões e aquisições, que contrabalançaram várias previsões decepcionantes de balanços de empresas. O índice que mede a variação de 300 ações das maiores companhias européias, o FTSEurofirst-300, encerrou em alta de 0,17%, a 1.366 pontos, chegando ao maior nível dos últimos quatro anos e meio. Os papéis da companhia francesa de energia Suez subiram 5,4% após a estatal italiana Enel dar mais um passo para lançar uma proposta multibilionária de compra, apesar de Paris anunciar a fusão da Suez com a Gaz de France. As ações do banco português Millennium BCP ganharam 4,5%, devido a expectativas de que sua proposta pelo rival Banco BPI possa ser travada por concorrentes ou por acionistas do próprio BPI. A tendência de alta dos mercados europeus foi contida, porém, por preocupações sobre o desempenho de empresas como Deutsche Post e UCB, de biotecnologia, e pela inesperada piora da confiança empresarial alemã em março. Muitos analistas temem que uma forte correção dos mercados de ações esteja no horizonte devido à possibilidade de juros maiores. Em Londres, o FTSE-100 ficou praticamente parado, com oscilação negativa de 0,04%, a 5.950 pontos. Em Frankfurt, o DAX subiu 0,27%, a 5.870 pontos. Em Paris, o CAC-40 teve alta de 0,19%, a 5.117 pontos.