Título: Alckmin diz que juros podem cair de imediato
Autor: Raymundo Costa
Fonte: Valor Econômico, 17/03/2006, Especial, p. A14

Eleições Para pré-candidato tucano, primeira reforma é a tributária

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, disse que fará mudanças na política econômica, mas foi pouco específico sobre o que faria de diferente se for eleito para suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No governo, sua primeira reforma seria a tributária. Alckmin considera a situação fiscal do país "muito ruim", o que leva a uma política monetária muito forte. Ainda assim, o governador julga que os juros podem baixar imediatamente. "Primeiro, os juros podem ser baixados imediatamente. Eu acho que há aí um conservadorismo exagerado, você poderia ter taxas menores", disse o tucano, cuja candidatura só será oficializada em convenção nacional do PSDB a ser realizada em junho. " Segundo, se você sinalizar com uma situação fiscal melhor no curto, médio e longo prazo, aí mais ainda (a redução da taxa)". Alckmin esteve ontem em Brasília para a posse do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Enrique Ricardo Lewandowski. Foi muito assediado, tanto no STF quanto no Senado, onde esteve em seguida para conversar com os líderes tucanos Arthur Virgílio (AM) e Jutahy Júnior (BA). O presidente do Senado, Renan Calheiros, interrompeu a sessão por cinco minutos, quando o governador entrou no plenário. Alckmin disse que leva "no bom humor humor essa história de (que é) conservador", enquanto o PT e Lula se dizem de esquerda e têm Henrique Meirelles como presidente do Banco Central e praticam "a maior taxa de juros do mundo e a política monetária mais conservadora do planeta". Já ele, Alckmin, em 2004 teria promovido um crescimento de 7,6% do PIB de São Paulo. "Crescimento chinês", gabou-se. Ao ser questionado sobre o que exatamente mudará na política econômica, Alckmin disse que não se trata de "dar um tiro e matar o tigre com uma bala só". E explicou: "É um conjunto de reformas, é um conjunto de mudanças onde uma questão importante é a questão fiscal". Para Alckmin, "Se você melhorar a qualidade do gasto público, você pode ter uma política monetária muito melhor para o crescimento. Juros muito mais baixos. Com isso você vai melhorar o câmbio", argumentou. O governador pregou reformas. "A primeira reforma que eu faria é a tributária. Mais de 38% de carga tributária é o dobro da Argentina, o dobro do México o dobro do Uruguai, você está com uma bola de ferro aí que exige juros muito altos e piora a situação fiscal. Há um círculo vicioso hoje: Situação fiscal ruim, aí a política monetária precisa ser muito forte, aí agrava a situação fiscal e o país não pode crescer". Qual seria o patamar adequado da carga? "Estou convencido de que não há solução sem crescimento. Crescendo mais forte, será possível melhorar essa relação dos gastos correntes". Alckmin não foi claro sobre se considera alto ou baixo o atual superávit primário. "Superávit não é problema. Esse é o lado bom. O problema é a taxa de juros. Taxa de juros absurda, se tivesse na metade, ainda seria a maior do mundo". Segundo Alckmin, com os juros altos "piora o câmbio, corremos o risco de exportar empregos, o agronegócio está em crise, setores de mão de obra intensiva estão em crise - um quadro delicado e vejo que esse quadro vem piorando. A situação fiscal nossa vem num quadro de piora. E o que vinha sendo feito já há muito tempo? Aumentar imposto. Ano passado aumentou mais 1,5% a carga tributária. Esse modelo se esgotou". Para o governador de São Paulo, o país "está sendo vítima do não-crescimento, porque nós não estamos importando, então você tem um saldo da balança comercial altíssimo, o que joga o câmbio para baixo. Se você estivesse importando mais, o saldo da balança comercial estaria melhor e o câmbio não estaria tão ruim". Segundo o governador de São Paulo, "essas coisas são interligadas, não podem ser analisadas de forma isolada. Tudo pode melhorar. Eficiência administrativa, de logística, de infra-estrutura, do gasto público".