Título: UE agora quer barrar carne de cavalo
Autor: Assis Moreira e Conrado Loiola
Fonte: Valor Econômico, 20/03/2006, Agronegócios, p. B12

Comércio

As exportações brasileiras de carne de cavalo correm o risco de serem interditadas nos 25 países da União Européia. Uma missão técnica européia advertiu que vê risco no produto, uma vez que detectou deficiências no programa brasileiro de controle de resíduos. Quatro empresas brasileiras que exportam para o bloco - Miramar (RS), Pomar (MG), King Meat e Rei do Gado (PR) - podem ter suas vendas suspensas. Uma proibição na UE poderá provocar o fechamento de outros mercados para o produto. O problema se complica porque a carne de eqüinos, destinada sobretudo à ração, não tem consumidores no país, ao contrário da carne bovina. O Brasil está entre os cinco maiores exportadores de carne de cavalo. Os principais destinos são Bélgica (US$ 9 milhões), Holanda (US$ 7 milhões), Itália (US$ 6 milhões) e Japão (US$ 5 milhões). Na França e Bélgica, 30% do consumo é atendida por carne brasileira. O total das exportações vem crescendo anualmente e fechou 2005 em torno de US$ 34 milhões. Para Gilman Viana Rodrigues, presidente da Comissão de Comércio Exterior da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), ao contrário do ocorrido com o mel, um embargo sobre a carne de cavalo não deve ter impacto imediato. "Geralmente esse tipo de advertência exige uma readequação de processos, e para isso eles costumam dar um prazo". Uma empresa habilitada para exportar para a UE consultada pelo Valor e o Ministério da Agricultura informaram que não houve nenhuma notificação oficial por parte do bloco. Recentemente, a UE proibiu a entrada do mel brasileiro, que vinha ganhando espaço no bloco. Não há prazo para a UE decidir sobre o embargo à carne de cavalo brasileira. Mas o risco é grande, em virtude da vulnerabilidade sanitária e da pressão que podem exercer os exportadores concorrentes, a começar pela Polônia, que está interessada em aumentar suas vendas para o bloco europeu.