Título: Índice reflete a melhora das carteiras nos últimos meses
Autor: Daniele Camba e Danilo Fariello
Fonte: Valor Econômico, 20/03/2006, EU &, p. D1

O Índice de Fundos Multimercado (IFM) calculado pela consultoria RiskOffice, comprova a arrancada dessas carteiras nos últimos meses. O índice - que mede a rentabilidade média das 22 carteiras escolhidas entre as de maior patrimônio do mercado - atingiu 5,93% no acumulado de janeiro e fevereiro, mais que o dobro do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) no período, de 2,58%. Em fevereiro, o índice registrou alta de 2,07%, para 1,14% do CDI e, em 12 meses, de 23,39%, para 19% do CDI. Mas o grosso dessa rentabilidade se concentrou nos seis meses encerrados em fevereiro. Nesse período, o IFM teve alta de 14,28%, para 8,60% do CDI. Esse resultado não é reflexo só das apostas em bolsa de valores, avalia Fernando Lovisotto, sócio da RiskOffice. Muitos gestores ganharam com a queda forte do dólar, para quase R$ 2,00, e também com os papéis do Tesouro ligados à inflação do IPCA, cujos preços dispararam com a isenção de impostos para os estrangeiros dada pelo governo. Com a expectativa de que os investidores externos virão em peso comprar esses títulos, que pagam juros reais bem acima dos internacionais, os preços subiram e os juros dos papéis caíram. Caso das NTN-B para 2045, que passaram da casa dos 9% ao ano há um mês para 7%. "Tanto que o Ibovespa em fevereiro subiu apenas 0,59% e mesmo assim os fundos multimercado se saíram bem na média", diz. Lovisotto avalia que o mercado todo está mudando, com os juros caindo, alguns ativos se valorizando e os gestores estão sabendo aproveitar esse movimento. Ele acredita que os fundos de previdência no Brasil devem aplicar mais em carteiras de multimercados, para tentar aproveitar esses ganhos diferenciados. "Lá fora já é assim e isso deve acontecer aqui também", diz. Ele lembra que os fundos de pensão já tinham aplicações em bolsa, depois compraram papéis de inflação de longo prazo, fundos de direito creditório e agora devem ter mais fundos multimercados. "Todos estão se preparando para a queda dos juros, que vai representar risco de perda para quem ficar atrelado ao CDI", afirma ele. Para Lovisotto, os fundos multimercados têm espaço para continuar ganhando, com a economia e o mercado local e internacional indo bem. Com a situação melhorando, essas carteiras podem ganhar com a queda dos juros e a valorização das ações, por exemplo.