Título: PFL e PSDB acertam palanques em sete Estados para anunciar aliança
Autor: Caio Junqueira e Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2006, Política, p. A8

Sete palanques estaduais separam hoje o governador Geraldo Alckmin do acordo final com o PFL: Sergipe, Bahia, Santa Catarina, Amazonas, Goiás, Piauí e Distrito Federal. São Paulo não é objeto de barganha entre os dois partidos. "São Paulo agora está fora de conversa. Temos uma sólida aliança com o PSDB no Estado que já dura muitos anos. O entendimento é bem mais fácil de ser feito", afirmou ontem o vice-prefeito Gilberto Kassab (PFL). A pior situação é em Sergipe. O governador João Alves (PFL) irá tentar a reeleição, mas é adversário histórico da principal liderança tucana sergipana, o ex-governador Albano Franco. Na Bahia, tucanos e pefelistas também não têm uma boa relação. No cenário atual, o deputado Jutahy Júnior (PSDB) quer disputar o Senado. No entanto, o PFL é o partido mais poderoso no Estado e não pretende abrir mão tão facilmente de um cargo conquistado sucessivamente há quatro eleições. Com tantos problemas a resolver e com Serra líder disparado nas pesquisas, São Paulo está de fora nesta primeira fase. Uma eventual hesitação do prefeito, porém, pode colocar o Estado de volta nas negociações, já que há dois postulantes pefelistas ao cargo: o secretário municipal de Educação, José Aristodemo Pinotti, e o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. Do lado tucano, quatro pré-candidatos disputam a indicação: o vereador José Aníbal, o ex-ministro da Educação Paulo Renato, o deputado federal Alberto Goldman e o secretário municipal da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira. Desses, apenas Aníbal tem sinalizado que, caso Serra deseje sair candidato, levará a disputa para as prévias. A candidatura de Serra é, de forma inegável, a preferida do diretório paulista. Nas pesquisas de intenção de votos divulgadas desde o final do ano passado, os pré-candidatos aparecerem com resultados pífios - nada comparado ao resultado divulgado pelo Datafolha, em que Serra venceria no primeiro turno. Na tentativa de incentivar a candidatura do prefeito, o PSDB paulista planeja uma série de manifestações de incentivo para esta semana e ontem, durante reunião da Executiva estadual reuniu-se e alterou todo o calendário partidário para esperar o posicionamento de Serra. O método de definição do candidato, que seria negociado ontem, foi adiado para dia 03 de abril. "Serra é a alternativa que o partido está querendo", propagandeou o deputado Vanderlei Macris, vice-presidente do diretório. "Mas não podemos desconsiderar a pré-candidatura dos outro quatro", lembrou. A possibilidade de prévia, no entanto, está fora de cogitação. O prefeito tem dez dias para decidir se partirá para a disputa do governo de São Paulo, antes do prazo final de desincompatibilização. Caso o prefeito resolva permanecer na prefeitura, a negociação em São Paulo volta à estaca zero e o PFL deverá tentar impor sua candidatura, mas com dificuldade, já que nem serristas nem alckmistas querem entregar 12 anos de governo a outro partido. O que pode ocorrer nesse caso e também nos Estados em que não for possível chegar a um acordo, é o governador Geraldo Alckmin ter dois palanques. Além de Kassab, o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, aventou essa possibilidade ontem. "Não tem nenhum problema que Alckmin tenha dois palanques em alguns Estados", disse, durante evento em São Paulo do qual participaram pefelistas de todo o país. Alckmin foi ao local e, ao ser anunciado, foi aplaudido de pé por cerca de um minuto. Criticou o governo Lula, classificando-o de "frouxo na ética, ineficiente na administração e com um crescimento econômico pífio". Disse ainda que um eventual segundo mandato de Lula pode ser "um pesadelo" ao país. E pediu o apoio dos pefelistas: "Devemos estar sempre juntos na construção do país". O prazo estipulado por Bornhausen para que a aliança seja estudada foi de três semanas. (Colaborou César Felício)