Título: Ex-governador diz que ganhou fôlego
Autor: Raquel Ulhôa
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2006, Política, p. A9

Anthony Garotinho está otimista quanto à definição de seu nome como candidato do PMDB à Presidência da República na convenção nacional do partido, que será realizada em junho. Mesmo admitindo que ainda precisa lutar no PMDB em defesa da candidatura própria - vencendo a "ala governista" liderada pelo senador José Sarney e pelo presidente do senado, Renan Calheiros - Garotinho acha que o resultado da consulta informal de domingo foi um sinalizador que reforçará seu nome na convenção. "Agora ganhamos fôlego até a convenção para poder, legitimados pela consulta, conversar com as pessoas e expor minhas idéias", disse, em uma entrevista recheada de elogios ao governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, considerado "um adversário leal, que demonstrou um grande espírito público e mostrou grande compromisso com o partido". Das conversas ele pretende receber contribuições para "aprimorar o programa feito pelo professor (Carlos) Lessa que tem indicativos muito importantes para a mudança do modelo econômico". Até a convenção, que terá a participação de 500 partidários com direito a 700 votos, o objetivo de Garotinho é trabalhar para "aparecer nas pesquisas e tornar a candidatura competitiva". O ex-governador do Rio de Janeiro disse que já venceu o primeiro obstáculo, que era o indicativo político de que é o candidato do partido, e em seguida listou os próximos. "Vamos vencer o segundo obstáculo, que é passar pela convenção (do PMDB que terá que chancelar sua candidatura) e vencer o terceiro obstáculo, que é passar por esse problema da verticalização. E vamos chegar lá", disse. Ainda cansado da maratona do fim de semana, ele disse que agora vai concentrar os esforços na união de todos os pemedebistas que defendem um candidato próprio para o partido. Os primeiros alvos serão as lideranças que apoiaram a pré-candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto e com os pré-candidatos do PMDB aos governos estaduais. Sem as ofensas que foram dirigidas no domingo a Renan e Sarney, Garotinho ontem disse não ter mágoas. Mas procurou minimizar a importância de ter ambos como opositores no partido. Garotinho disse que sua "sensação" é de que o grupo liderado por ambos não é majoritário. "Se queriam apoiar o PT, que colocassem essa opção na cédula de votação. E se eles tivessem tantos votos quanto se imaginam ter no partido, eles deveriam ter colocado essa opção para apreciação dos pemedebistas. E no entanto não quiseram fazer isso. Minha intuição é que eles têm muito mais o poder dos cargos que ocupam, um é presidente do Senado, o outro é ex-presidente da República e também ex-presidente do Senado, do que propriamente votos dentro do partido", provocou.