Título: Com dólar barato, venda de câmeras digitais cresce 80%
Autor: Claudia Facchini
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2006, Empresas &, p. B5

Fotografia Para enfrentar o celular, Panasonic, Canon e Sony lançam recursos como o estabilizador de imagem

Com o forte crescimento na demanda por câmeras digitais, a Panasonic já pensa em fabricá-las no Brasil, seguindo os passos da sua concorrente, a também japonesa Sony, que já produz máquinas digitais na Zona Franca. "Estamos analisando seriamente esta possibilidade", afirma Ricardo Uotani, gerente de marketing da Panasonic no Brasil. Em meados deste ano, a marca começará a produzir TVs de plasma em sua fábrica na Zona Franca. Favorecidas pela valorização do real frente ao dólar, as câmeras digitais importadas ficaram bem mais baratas. Assim como os televisores de tela fina, os preços das câmeras digitais caíram pela metade em dois anos. As máquinas de quatro a cinco megapixel da Canon, Sony e HP podem ser encontradas hoje por R$ 999 na internet. A Olympus e a americana Kodak, porém, já estão baixaram os preços para R$ 799 e R$ 699. "No fim do ano passado, vendemos tudo que tínhamos em estoque. Isso nunca aconteceu antes", afirma Junichi Asama, diretor de marketing da Canon para a América Latina. A Canon tirou no ano passado da Sony o título de maior fabricante mundial de câmeras fotográficas. De acordo com a empresa, a Canon hoje detém 20% das vendas globais, enquanto a sua concorrente possui 18%. A empresa promete agora trazer esta disputa para o Brasil. Segundo Asama, a Canon, que só vende produtos importados, não tem planos de abrir uma fábrica no Brasil como a sua competidora mas quer ter uma presença mais expressiva nas lojas brasileiras. Nos últimos três anos, a marca esteve relativamente apagada no país. A Panasonic estima que tenham sido vendidas 360 mil máquinas digitais no Brasil em 2005, 80% a mais do que as 200 unidades comercializadas em 2004. Esse volume exclui as importações ilegais, que, segundo cálculos do setor, devem tomar 50% do mercados. Para este ano, Uotani acredita que a demanda poderá atingir cerca de 550 mil máquinas. "Hoje, o volume já é grande o suficiente para justificar o investimento na produção local", afirma o gerente da Panasonic. Os produtos montados em Manaus custam entre 20% a 30% menos em relação aos importados. Asama afirma, porém, que há uma constante diminuição nos custos de produção nas fábricas no exterior devido aos ganhos de escala globais. "Não compensa investir numa fábrica brasileira", diz o diretor da Canon. A marca japonesa traçou uma estratégia bem mais agressiva para o mercado brasileiro, prometendo acirrar a disputa com a Sony no país. "A nossa meta é elevar a nossa participação no mercado brasileiro de 15% em 2005 para 18% neste ano e 25% em 2008", afirma o diretor da Canon para a América Latina. A Sony, porém, também tem metas mais ambiciosas. Em 2005, as sua vendas de câmeras digitais cresceram 55% no Brasil e, para este ano, a marca japonesa projeta um aumento de mais 45%. Hoje, porém, além de competirem entre si, as tradicionais marcas de máquinas fotográficas enfrentam um novo e poderoso rival: os celulares com câmeras embutidas. O mais recente lançamento mundial da coreana Samsung é um celular com uma câmera de alta resolução, de 8 megapixels. No Brasil, os celulares tanto da Samsung como da LG chegam até 1,3 megapixels. Para competir com os celulares, os fabricantes de câmeras estão investindo em atributos que os seus concorrentes não podem oferecer. A mais nova sensação é o estabilizador de imagem. A Panasonic já traz este recurso em todas as suas câmeras, enquanto a Canon e a Sony começam a trazer seus lançamentos para o país.