Título: Furlan acredita em reajuste de até 15% para minério
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2006, Empresas &, p. B6

As siderúrgicas européias consideram "natural" um reajuste entre 12% e 15% para o preço do minério de ferro fornecido pela Vale do Rio Doce, afirmou ontem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Ele atribuiu as informações a conversas com empresários do setor durante visita a Europa e disse ainda que algumas siderúrgicas daquele continente já aceitaram altas de preço nesse patamar. A China, um dos maiores compradores de minério de ferro do mundo, endureceu as negociações e se recusa a admitir qualquer aumento no preço do insumo esse ano. O governo promete interferir diretamente nas negociações. Furlan disse que recebeu "sinalização favorável" do governo de Pequim de que o tema não prejudicará fortemente a Vale. O ministro considera a atitude chinesa uma "ingerência indevida" em transações de empresas privadas. "No caso de continuidade de uma medida que, concretamente, restrinja o nível de comércio, nós certamente tomaremos as medidas cabíveis." Para o ministro, os chineses estão fazendo "um pouco de jogo de cena", pois uma restrição nos preços que afete o comércio seria "um mau exemplo" de um país que é "protagonista mundial nas exportações e nas importações". Furlan acredita que a atitude é uma "manobra normal" para evitar aumentos de preços muito elevados. O ministro fez essas declarações após a abertura de seminário sobre nova lei de inovação promovido ontem pelo Instituto Brasil para a Convergência Digital (IBCD). A Vale, através de sua assessoria, disse que não vai comentar as declarações do ministro, preferindo manter sua estratégia de não fazer comentários sobre o preço do minério até o final das negociações. Os analistas de bancos continuam apostando num reajuste entre 10% a 15%, mas não crêem que isto seria anunciado pelas siderúrgicas européias, que delegaram a negociação para as usinas chinesas. "Este é um número que muito provavelmente vai acontecer", disse Paoli di Sora, analista de mineração do Itaú. Sora trabalha com um cenário em que as negociações poderão entrar por abril, apesar do ano fiscal asiático começar em 1º de abril. Isto, porque o preço do aço está melhorando.