Título: Ministério cria secretaria de negociação
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 25/11/2004, Brasil, p. A3

O Ministério da Agricultura quer ganhar destaque e poder de decisão nas discussões que envolvem o agronegócio no mercado internacional. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem que até dezembro serão criadas as secretarias Agrícola de Negociação Internacional e a de Planejamento Estratégico. Essas secretarias serão um braço do ministério para articulação intergovernamental. "A máquina pública [referindo-se ao Ministério da Agricultura] tem de ser uma alavanca para incentivar as negociações comerciais e não uma âncora", disse Rodrigues, durante o 24º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), em São Paulo. Em recente entrevista ao Valor, Odilson Ribeiro, chefe da Divisão de Cooperação Técnica e Acordos Sanitários Internacionais do ministério, tinha adiantado que a futura secretaria de negociações internacionais deverá atuar em conjunto com os ministérios de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e de Relações Exteriores, e terá como primeiro desafio analisar 90 dossiês de acordos internacionais existentes. A nova secretaria também deverá avançar na definição das exigências fitossanitárias e sócio-ambientais para todos os produtos agrícolas importados. O ministro concordou que o Brasil poderia ter sido mais rigoroso na fiscalização de seus problemas comerciais envolvendo as questões sanitárias e fitossanitárias. Há previsão de um orçamento maior em 2005 do Ministério da Agricultura para as secretarias de Defesa Animal e Vegetal, o que poderá reduzir este tipo de gargalo. Um tanto cético, Rodrigues não acredita em avanços, pelo menos no curto prazo, nas negociações entre Mercosul e União Européia e na Área de Livre Comércio das Américas (Alca). "Houve uma redução das ambições dos dois blocos [UE e Mercosul]. Os dois blocos questionaram demais as listas de oferta, o que dá a entender que não havia razões para terminar as negociações", disse o ministro. Para Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o governo brasileiro está sendo "muito gentil" com os parceiros do Mercosul no que diz respeito aos produtos considerados sensíveis, como açúcar. Esse tipo de postura, segundo Lovatelli, inibe avanços.