Título: Crescimento do PIB em 2005 pode superar o deste ano, diz ministro
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 25/11/2004, Brasil, p. A3

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou ontem que o crescimento da economia brasileira em 2005 deve superar o que for obtido esse ano. A afirmação contraria todas as estimativas de economistas do mercado e do próprio Banco Central. O BC aponta crescimento de 4,4% para o PIB em 2004, enquanto o mercado estima 3,5% em 2005. "Nem o ministro Furlan, nem eu acreditamos que o país vai crescer menos no ano que vem. O país vai crescer mais, tem condições de crescer mais", garantiu Dirceu, ao lado do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, no encerramento do 24º Encontro Nacional de Exportadores (Enaex). Para o chefe da Casa Civil, as condições internacionais e as internas, como destaque para a situação fiscal do país, permitirão um crescimento maior da economia em 2005. Questionado sobre a estimativa do mercado de alta de 3,5% do PIB para o próximo ano, Dirceu respondeu: "Mas ainda faltam 14 meses até dezembro do ano que vem". Dirceu afirmou que investir em infra-estrutura é prioridade do governo para 2005. E, para isso, será fundamental a negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para mudar a metodologia de cálculo do superávit primário e garantir R$ 3 bilhões extras para investir na infra-estrutura. Dirceu acredita que será possível conseguir esses recursos e diz que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que comanda as negociações como o fundo, está otimista. O ministro reforçou que, desse total, R$ 2,5 bilhões serão destinados para os transportes, com destaque para as rodovias, que demandam a maior parcela de gastos da União. "As ferrovias são uma questão de financiamento, investimento privado, não é uma questão de orçamento da União", disse Dirceu, excetuando apenas as ferrovias Norte-Sul e a Transnordestina. "Já a questão portuária é mais sobre concessões, arrendamento, investimento privado. Nesse caso, o setor público precisa melhorar sua gestão e colocar o recurso que é possível todos os anos. E não é um recurso enorme como no caso das rodovias", completou. Já o ministro das Cidades, Olívio Dutra, argumentou que o FMI já deu sinais positivos de que poderá aceitar a proposta de excluir os investimentos em moradia e em saneamento básico do conceito de dívida para cálculo do superávit para países pobres e em desenvolvimento. Segundo Dutra, se o FMI aceitar a proposta, o Brasil poderá contar com o dobro dos recursos destinados às áreas de habitação e saneamento. Desde o início do governo Lula até julho deste ano, foram contratados R$ 5,1 bilhões em abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem urbana. Na área de habitação, o governo já investiu R$ 8,8 bilhões.