Título: Setor público economiza com leilões de compras
Autor: Genilson Cezar
Fonte: Valor Econômico, 21/03/2006, Valor Especial, p. F3

Estratégia Empresas de TI querem mudanças nos critérios dos pregões

A utilização do pregão eletrônico pelo setor público para compra de bens cresce aceleradamente no país, proporciona economias substanciais às empresas governamentais, porém ainda sofre restrições de grandes fornecedores. Motivo: as compras eletrônicas baseiam-se no critério de menor preço para definir o vencedor do leilão. Os processos não levam em conta outros requisitos, como a qualidade, diz a indústria de tecnologia. Em 2005, segundo levantamento da Secretaria de Logística e Tecnologia do Ministério do Planejamento, as compras de produtos e serviços feitos via internet atingiram R$ 1,1 bilhão, crescimento de 297% em relação ao volume de compras de 2004 (R$ 284 milhões). A participação do pregão eletrônico nos gastos do governo federal, em torno de R$ 5 bilhões, passou de 5% em 2004 para 23% em 2005. Em números de compras, o crescimento foi de 400%. Hoje, as compras via web representam 36% do total (13.959 processos), contra apenas 8% (2.792 procedimentos) em 2004. "Com o uso mais acentuado da modalidade de compras eletrônicas, o governo federal fez uma economia de R$ 520 milhões nas compras de bens e serviços comuns em 2005", diz Rogério Santanna, secretário de logística e tecnologia. Segundo ele, mesmo com o aumento de 6% dos processos de compras, que passaram de 36.774 em 2004 para 38.805 em 2005, o custo do governo para a compra diminuiu 9%. Ou seja, os gastos caíram de R$ 5,5 bilhões em 2004 para R$ 5 bilhões em 2005. A Eletronorte, uma das pioneiras no setor elétrico na realização de pregões eletrônicos, registrou 33 processos de compras via internet, nos dois últimos anos, com uma economia de R$ 123,5 milhões. A Previdência Social economizou 35% na compra de 27 mil computadores e nove mil impressoras, realizada em 2005, que teve como empresa selecionada a paranaense Positivo Informática. Os equipamentos foram adquiridos por R$ 22,7 milhões, contra os R$ 35 milhões previstos inicialmente. Claro, não é nada ainda comparável ao que se faz na iniciativa privada, onde os pregões eletrônicos movimentam cerca de R$ 100 bilhões. Só na área de varejo, o comércio chegou a R$ 5 bilhões, em 2005. Mas as exigências aumentam. Em junho de 2005, o governo federal baixou o decreto 5.450 obrigando a utilização do pregão eletrônico em todas as compras públicas. "Nós já conseguimos uma economia de cerca de R$ 200 mil, desde 2003, nas compras de produtos de informática, realizadas eletronicamente", diz Telmo Araújo da Rocha Barros, gerente de projetos de compras eletrônicas do governo de Pernambuco. O pregão eletrônico tem adesão dos principais fornecedores de produtos de informática que operam no Brasil, como Unisys, TBA, Novadata, Grupo Positivo, entre outros, mas não é ainda uma unanimidade. A HP, por exemplo, já anunciou que não vai mais participar dos pregões eletrônicos para compra de serviços de TI, enquanto não forem corrigidas algumas distorções que existem atualmente nos processos. "Não dá para valorizar um procedimento que não leva em conta outros critérios, como a qualidade, mas apenas o preço", diz Raul Pappaleo, diretor de vendas da HP Brasil.