Título: Leilão de energia pela internet terá duas fases
Autor: Mônica Izaguirre
Fonte: Valor Econômico, 22/03/2006, Brasil, p. A2

O próximo leilão de energia elétrica de novos empreendimentos, marcado para o dia 12 de junho, o primeiro via internet, ocorrerá em duas etapas, explicou ontem Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Na primeira fase (inicial) do leilão, será colocado um preço para cada produto (usinas hídricas e térmicas). Os empreendedores hídricos estipularão um preço e uma quantidade que eles querem vender, menor ou igual àquele preço inicial. O mesmo ocorre em relação ao térmico, com a diferença de que ele terá que dar uma receita fixa, que será somada ao custo de operação, e o custo esperado de exposição no curto prazo. "No final, vai-se comparar tarifa para o hídrico e tarifa para o térmico", destacou o presidente da EPE. Os preços definidos pelos empreendedores na etapa inicial do leilão serão classificados em ordem crescente, somando-se as quantidades ofertadas. Se a demanda for menor que a oferta, o leilão daquele produto será encerrado. No caso de a oferta ser maior que a demanda, o leilão passará à segunda etapa (contínua). Nessa fase, será considerado como preço corrente o último preço apresentado no leilão. Nesse ponto, o cronômetro do sistema utilizado no leilão vai zerar e o investidor que estiver fora terá um prazo para oferecer um preço menor que o preço corrente da última usina que foi aceita. Ou seja, ele terá uma segunda chance de participar. "A operação termina quando passar o tempo pré-determinado e ninguém der nenhum lance", explicou Tolmasquim. Cada nova proposta abre a oportunidade de os empreendedores que ficaram de fora na fase inicial participarem da etapa contínua, efetuando uma nova oferta de preços. "O jogo acaba quando quem ficou fora não der mais nenhum lance pelo computador." Na parcela referente ao Uso do Bem Público (UBP), paga ao Tesouro, a nova sistemática do leilão introduziu também modificações. No modelo antigo, ganhava o leilão o agente que oferecesse maior ágio. Como às vezes tinham UBPs muito grandes, não podiam competir com empreendimentos com valores mais baixos de UBP a pagar. Por isso, a EPE estipulou que o agente hidrelétrico vai poder repassar para a tarifa o valor dado no leilão, mais o valor da UBP pago no leilão passado, limitado ao valor da última térmica mais cara que entrar no leilão dos dois produtos (hídrico e térmico). "Se fiz um lance de R$ 100 e tenho que pagar R$ 20 de UBP ao Tesouro, e a usina térmica mais cara no leilão foi de R$ 110, posso passar para a tarifa do consumidor R$ 110, e pago os R$ 10 restantes", disse Tolmasquim. No segundo semestre, será realizado novo leilão para energia nova, com prazo até 2011, no qual o presidente da EPE prevê a participação de pelo menos uma das usinas de grande porte situadas no Rio Madeira, em Rondônia, além de outras grandes usinas hidrelétricas que já tiverem licença ambiental. "Deve entrar a chamada energia nova nova", afirmou, referindo-se às usinas que serão licitadas para concessão e para venda de energia, que ainda não têm dono.