Título: Wagner deve deixar governo por aliança anti-carlista
Autor: Raymundo Costa
Fonte: Valor Econômico, 22/03/2006, Política, p. A12

O ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, deve se desligar do cargo na quinta-feira da semana que vem, dia 30, em movimento que começa a definir a chapa que concorrerá ao governo da Bahia contra o atual governador, Paulo Souto (PFL). Os líderes dos principais partidos de oposição ao pefelista têm negociado a formação de uma chapa única. A saída de Wagner, cotado para ser o candidato petista a governador, é o primeiro movimento mais visível dessa estratégia. O ministro, que estava na comitiva que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou ontem à Bahia, não confirmou a desincompatibilização. O prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, tem sido um dos mais atuantes políticos engajados na empreitada. Nos últimos dias ele reuniu-se com nomes como Lídice da Mata, presidente do PSB no Estado e ex-prefeita da capital, o presidente do PMDB baiano, Geddel Vieira Lima, Jutahy Magalhães Júnior, do PSDB, e com o próprio Wagner para analisar as chances da chapa única. Carneiro encomendou uma série de pesquisas para avaliar os diversos cenários e também para ver se ele próprio poderia ser cogitado para as eleições deste ano - o prefeito tem aparecido à frente de Jaques Wagner em pesquisas recentes de intenção de voto para o governo baiano. "Mas ele (João Henrique) tem muito a perder no caso de uma derrota. É muito difícil que seja candidato", diz Sérgio Carneiro, líder da bancada da situação na Câmara de Vereadores de Salvador e irmão do prefeito. Isso deixa caminho livre para Wagner. As tratativas ocorreram também ontem, dia em que o presidente relançou as obras do metrô de Salvador, inaugurou a Universidade Federal do Recôncavo Baiano e um conjunto de residências para famílias carentes na periferia de Lauro de Freitas, na área metropolitana, e concedeu título de posse a moradores do projeto Alagados, em Salvador. A visita foi encarada pelas lideranças locais como um vigor extra à tentativa de chapa única. Nos cinco discursos do dia, entretanto, o presidente preferiu falar pouco de política. Não diretamente, ao menos, mas falou sempre de sua prioridade nas ações de combate à pobreza, como no discurso feito em Lauro de Freitas, no qual chamou as críticas da oposição ao seu governo de inveja. "E a maior desgraça do ser humano é a inveja", disse. Lula não deu entrevistas, mas, quando perguntado pelos jornalistas sobre o futuro do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, respondeu apenas que Palocci "fica firme".