Título: Teles diminuem perdas nos balanços de 2005
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 22/03/2006, Empresas &, p. B1

As operadoras de telefonia celular entraram em 2005 num ritmo frenético de concorrência. Mas, ao longo do ano, pisaram (ainda que de leve) no freio e fecharam o quarto trimestre com prejuízo líquido 79,5% menor do que o registrado no mesmo período do exercício anterior. Levantamento do Valor Data com os balanços de oito empresas negociadas em bolsa mostra que o prejuízo líquido do setor caiu de R$ 198 milhões no último trimestre de 2004 para R$ 41 milhões no mesmo período do ano passado. A receita cresceu 5,6% no trimestre, quando atingiu cerca de R$ 5,1 bilhões. No ano todo, as teles tiveram vendas de R$ 18,7 bilhões. O principal fator para a melhora, entretanto, não foi o incremento do resultado operacional. Com o real valorizado, as despesas financeiras líquidas caíram 43% no quarto trimestre (para R$ 288 milhões) e 28,5% no ano. Enquanto isso, o lucro operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortizações (lajida) cresceu 0,5% ao longo de 2005, para R$ 5,4 bilhões. O prejuízo líquido teria sido maior se fossem incluídos no estudo todas as empresas da TIM, a Claro e a Brasil Telecom GSM. A Claro teve perda antes de juros e impostos de R$ 1,7 bilhão em 2005. A TIM Brasil, holding do grupo, teve prejuízo líquido de R$ 1,4 bilhão em 2005. No estudo do Valor Data foi considerada apenas a TIM Participações, que lucrou R$ 399,2 milhões. Até o fim do ano, a empresa incluía apenas as operações no Sul e Nordeste. Agora, após reestruturação, refletirá todos os ativos operacionais do grupo. Entre as companhias de capital aberto, o maior prejuízo anual, de R$ 909 milhões, coube à Telesp Celular Participações, da Vivo, que elevou as provisões para devedores duvidosos. O presidente da operadora, Roberto Lima, disse que "é uma questão de tempo" para que a empresa passe a dar lucro. "De forma geral, os resultados foram fracos no quarto trimestre", diz o analista Alex Pardellas, do ABN Amro. Para Felipe Cunha, do Brascan, houve um sinal positivo de queda nos subsídios aos aparelhos, atividade deficitária para as teles. Ele calcula que a margem operacional do setor subirá até três pontos percentuais no ano. Em 2005, as empresas analisadas pelo Valor Data tiveram margem lajida de 28,7%. Não há consenso entre os analistas sobre o ritmo de crescimento do mercado em 2006 - e o impacto sobre a rentabilidade. Vera Rossi, do Morgan Stanley, diz em relatório que os números de fevereiro (quando as operadoras adicionaram 594,4 mil clientes) devem dar o tom para os próximos meses. Outros analistas, como Pardellas, dizem que o primeiro bimestre mostrou que o ritmo segue forte. No fim do mês passado, havia 88 milhões de celulares no país. "Alguns fatores não permitem saber se é verdadeiro o discurso de que a competição será mais racional", afirma. Como exemplo, ele cita promoção feita pela Claro que oferece aparelhos a R$ 1 em planos pós-pagos. O comportamento da Vivo, cuja participação de mercado caiu de caiu de 40,4% no fim de 2004 para 34,5% no ano passado, também é uma incógnita. Analistas questionam até que ponto ela continuará cedendo espaço às rivais sem reagir de forma agressiva. (TM)