Título: UE oferece socorro financeiro adicional para abrandar crise
Autor: Vanessa Jurgenfeld, Sérgio Bueno e Marli Lima
Fonte: Valor Econômico, 22/03/2006, Agronegócios, p. B12

A União Européia (UE) quer oferecer ajuda financeira adicional a seus produtores de frango para compensar a forte queda do consumo do produto desde a descoberta de casos de gripe aviária no bloco. A redução na produção de frango na Europa e a destruição de estoques hoje invendáveis serão compensadas para que os produtores mantenham sua renda. Com a crise atual, a UE constatou que não dispõe de instrumentos legais para ajudar produtores afetados pela queda de confiança do consumidor. Por isso, hoje a comissária agrícola da UE, Mariann Fischer Boel, espera obter sinal verde para um pacote de ajuda adicional. A discussão ocorria ontem em Bruxelas no mesmo prédio em que negociadores do Mercosul pediam à UE uma cota (com tarifa menor) de 250 mil toneladas de frango por ano no mercado comunitário, no âmbito de um acordo birregional. No momento, porém, a prioridade européia é não permitir que concorrentes estrangeiros aproveitem a crise para avançar no bloco. "O Brasil não poderá se aproveitar da crise atual pela simples razão que o consumo está degringolando", reagiu um assessor agrícola europeu. A ministra de Agricultura da Bélgica, Sabine Laruelle, propôs que a UE adote "medidas de salvaguarda para evitar que nossas medidas internas sejam superadas pela importação originária de terceiros países". O consumo de frango caiu mais de 25% na França e na Itália, e 20% na Alemanha e em outros países. Na Bélgica, os preços caíram 28%. As exportações também tombaram. Os subsídios para o setor aviário na Europa estão atualmente estimados em 100 milhões de euros por ano, quase tudo para estimular as exportações. Uma solução para driblar o vírus, que matou mais de 100 pessoas desde 2003, parece distante. Cientistas comprovaram que já há duas variantes da cepa letal H5N1.