Título: Imóveis novos ficam com 45% dos financiamentos
Autor: Mônica Izaguirre
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2006, Brasil, p. A2

Cerca de 55% do volume de financiamentos habitacionais concedidos pelo sistema financeiro com recursos da caderneta de poupança, nos primeiros dois meses deste ano, foram para aquisições de imóveis usados e de cestas de materiais de construção. De um total de R$ 948 milhões, só R$ 427 milhões (45%) destinaram-se a financiar moradias novas. No âmbito dos programas habitacionais do governo federal e das operações do FGTS e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), mais focados em habitação de interesse social, a parte aplicada em imóveis novos foi proporcionalmente ainda menor, situando-se em 38%. De R$ 991 milhões, os usados e os financiamentos de cestas de materiais, procurados em geral para ampliações e reformas, consumiram R$ 611 milhões. A crítica foi feita pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady, ao lançar o "Placar da Habitação", informativo que a entidade passa a divulgar mensalmente para acompanhamento da execução do plano habitacional anunciado pelo governo em janeiro. Na ocasião, o presidente Lula anunciou que seriam disponibilizados, em 2006, R$ 18,7 bilhões em novos créditos, R$ 8,7 bilhões dos quais em consequência do direcionamento obrigatório de recursos da poupança pelos bancos privados e pela Caixa Econômica Federal. O restante refere-se a aplicações que a Caixa prevê fazer com dinheiro do FGTS, do FAT e do orçamento fiscal do governo, voltados à habitação de interesse social. Pelo "placar" da CBIC, em dois meses foram concedidos, nos dois segmentos, cerca de R$ 1,94 bilhão de financiamentos, 10,3% do previsto para todo o ano. Na opinião de Safady, no que se refere ao volume, não é um desempenho ruim, pois no primeiro bimestre, o ritmo de concessões é mais fraco. "O problema é o perfil das aplicações, que está pior", disse, comparando com 2005, quando, nas operações com recursos de mercado (poupança), os imóveis novos levaram 75% do volume de novos financiamentos.