Título: Para Renan, candidatura própria fica mais distante
Autor: Juliano Basile
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2006, Política, p. A8

O Congresso reagiu sem surpresa à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a verticalização. O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), afirmou que a derrubada da regra para as eleições deste ano foi vista "com naturalidade" pelo Congresso e negou qualquer conflito entre os dois Poderes. A avaliação do Planalto é de que a decisão fortalece os partidos políticos. "O presidente Lula se adaptaria a qualquer cenário, com ou sem verticalização. Acredito que a decisão do STF irá acalmar o clima político que estava conturbado diante das incertezas sobre as regras eleitorais", afirmou o ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner. Renan, integrante da ala governista do PMDB, deixou claro que a tese da candidatura própria fica inviabilizada. Com a verticalização, Garotinho dificilmente será lançado pelo PMDB, já que uma candidatura própria engessaria o partido nos estados. A saída de Garotinho do páreo contraria os interesses dos PSDB, porque, sem ele, a eleição pode ser definida no primeiro turno. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), reconheceu a dificuldade para seu partido. "Para o PSDB, de um lado o presidente Lula ficaria com menos tempo de televisão e nós, coligando com o PFL, ficaríamos com o maior tempo. Por outro lado, temos de estar na frente dele no primeiro turno. Bater no segundo turno seria tranqüilo. Outra situação é batê-lo no primeiro". Mesmo assim, ele não criticou a decisão do Supremo. "Foi uma medida civilizatória, correta, necessária. É o começo de uma reforma política que vai ser aprofundada em 2007. Isso reforça os partidos, dá um golpe nas alianças estapafúrdias, estabelece a necessidade de uma espécie de fio a mais de ligação ideológica entre partidos que se coligam nos Estados e coloca uma exigência nítida de reforma política", disse o tucano. O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), afirmou que "seria melhor que a verticalização fosse derrubada", mas evitou confronto com o Judiciário. "Vamos nos ajustar para a eleição. Do ponto de vista pragmático, os partidos menores pensarão duas vezes antes de lançar candidatos", afirmou. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que a decisão do Supremo foi uma "intromissão" no Congresso, já que os parlamentares aprovaram uma emenda constitucional, que está acima da lei ordinária. Cristovam acredita, porém, que sua candidatura está mantida.