Título: Tucanos investem no apoio do PMDB para o 2º turno
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2006, Política, p. A10

A decisão do Supremo em manter a verticalização das eleições reforçará a estratégia do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, de buscar aproximação com o PMDB no segundo turno das eleições. O discurso do postulante tucano é de que ainda é "muito cedo" para qualquer acordo com o PMDB, mas nos bastidores Alckmin e seu partido têm se movimentado para atrair os pemedebistas. Depois da consulta informal realizada pelo PMDB no domingo, Alckmin, ligou para os dois pré-candidatos, Anthony Garotinho e Germano Rigotto, para demonstrar a intenção de tê-los como aliados em sua campanha. O aceno foi confirmado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em uma conversa com o presidente do diretório paulista do PMDB, Orestes Quércia, que sonha em ter uma candidatura ao Senado apoiada pelos tucanos. "Não vamos nos precipitar. Vamos aguardar de maneira respeitosa a decisão que o PMDB venha a tomar. Seria deselegante nesse momento imaginar que o PMDB não tenha candidato", ponderou ontem o governador Alckmin, depois de visitar uma escola técnica em São Paulo. "Não temos nada ainda", desconversou. O destino do apoio do PMDB ainda é incerto. Caso a ala governista do partido se fortaleça, a sigla não terá candidato e ficará no palanque do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Caso Garotinho consiga defensores pemedebistas, sairá como candidato e ajudará os tucanos a tirarem votos do PT. Um dos articuladores políticos de Alckmin, o secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento, João Carlos Meirelles descartou o apoio imediato dos pemedebistas. "Seguramente não os teremos no primeiro turno. Mas queremos eles do nosso lado no segundo turno para reforçar o discurso contra Lula", afirmou. Na busca de apoio de outros partidos, o governador paulista vê com restrições a aprovação da manutenção da verticalização e classifica a regra como restritiva. "Ela pode limitar um pouco o número de candidatos, mas é muito cedo para qualquer análise", ponderou. "Cada estado tem sua singularidade e isso limita as alianças estaduais. Mas se nós queremos ter partidos nacionais, nós temos que caminhar nesse sentido. Pretendemos fazer alianças independente da verticalização. Sempre defendemos alianças".