Título: "Triângulo das Bermudas" é o nó da aliança PFL-PSDB
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2006, Política, p. A10

Fechar uma aliança no chamado "Triângulo das Bermudas" da política brasileira, onde se concentram 42% dos eleitores do país, é a prioridade do pré-candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, e do presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, que devem se encontrar novamente amanhã, no Rio de Janeiro, desta vez na companhia do prefeito da cidade, Cesar Maia. O chamado "Triângulo das Bermudas" é compreendido pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Um bom desempenho nessas praças é fundamental para as chances de vitória de qualquer candidato. PSDB e PFL não têm dificuldades para se compor em Minas, em torno da candidatura favorita do governador Aécio Neves, mas falta acertar São Paulo e Rio de Janeiro. Na primeira conversa que teve com Bornhausen, depois de ser escolhido candidato do PSDB, Alckmin chamou a atenção para o "Triângulo das Bermudas". O tucano avalia que, para bem compor no "Triângulo" precisa de um palanque forte no Rio, o que poderia alcançar por meio da candidatura de Maia. O prefeito do Rio vive situação parecida à de seu colega de São Paulo: se sair para disputar o governo, dará o lugar a um tucano. A diferença é que Maia já está no segundo mandato, enquanto Serra mal iniciou o primeiro. Maia não dá sinais de que pretenda disputar o governo do Estado, mas deve voltar a conversar ainda hoje com Bornhausen, que viajou ontem à noite para o Rio. Entre as "prioridades" relacionadas por Bornhausen a Alckmin está o caso dos candidatos que precisam de uma segurança mínima sobre o acordo entre as duas legendas, para poderem se desincompatibilizar no fim da próxima semana. Os destaques são Rio, São Paulo, Bahia, Maranhão e Pernambuco. No caso de São Paulo, o PFL já decidiu: só faz aliança com o PSDB para o governo do Estado se o candidato for Serra. A sigla acredita que está em condições de reivindicar a vaga seja qual for outro o candidato tucano. O nome para a eleição majoritária paulista também já está decidido: é o empresário Guilherme Afif Domingos, que tanto pode entrar com uma candidatura própria, ser vice de Serra ou disputar o Senado. Apesar de o prefeito dar indicações de que ainda não está absolutamente convencido de que o melhor, para ele, é disputar o governo do Estado, o PFL conta com o fato de o tucano não ter suspendido o trabalho de preparação do vice Gilberto Kassab para assumir a prefeitura. Serra decide até sexta-feira, assim como Cesar Maia. Se os dois concordarem, Alckmin fecha, com seis meses de antecedência, os palanques no "Triângulo das Bermudas". Em Pernambuco, o candidato ao governo deve ser o vice-governador Mendonça Filho com o PSDB como vice. A manutenção da verticalização das eleições dificultará a aliança formal, mas o candidato ao Senado do grupo será o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Outra prioridade é a Bahia. Para a cúpula do PFL o ideal seria um acordo em torno do governador, Paulo Souto, mas o senador Antonio Carlos Magalhães parece ter outros planos. Por fim, o Maranhão, com a senadora Roseana Sarney. A dificuldade, neste caso, é saber qual a posição do senador José Sarney (PMDB-AP).