Título: Segurança e impostos são entraves para o turismo
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2006, Empresas &, p. B2

Viagens

A falta de segurança é o maior perigo para o turismo nacional, conforme a avaliação do presidente do grupo espanhol de turismo Iberostar, Miguel Fluxá. Falando a uma platéia de empresários do setor, Fluxá comentou os aspectos mais problemáticos para a realização de investimentos no Brasil, mas garantiu que o Iberostar vai continuar apostando no país. "Uma coisa é roubarem seu bolso, outra é encostarem uma arma na sua cabeça", afirmou o executivo, em palestra no Fórum Panrotas, que aconteceu ontem em São Paulo. Segundo ele, a repercussão na Europa de notícias sobre a violência que ocorre no Brasil pode ser muito negativa e prejudicar o turismo brasileiro. O Iberostar é atualmente um dos grupos que mais investem em turismo no país. Em abril, inaugura seu primeiro resort, localizado na Praia da Forte (BA). São US$ 370 milhões entre os investimentos consumados e os que ainda serão feitos até 2008. Outros problemas mencionados por Fluxá foram "a complexidade fiscal" e a falta de estabilidade do câmbio. Pare ele, o Brasil possui o sistema de impostos mais complicado de todos os países em que o Iberostar está presente - um total de 29 - e precisa simplificá-lo. A declaração provocou aplausos das mil pessoas na platéia. Metade delas, segundo os organizadores do evento, era composta por presidentes e diretores de empresas do setor. Fluxá destacou ainda o problema da "logística aeronáutica", dizendo que o transporte aéreo precisa facilitar a movimentação interna dos turistas. Segundo ele, a conexões entre os vôos e a pontualidade devem ser aprimoradas. Para Fluxá, as companhias aéreas de baixo custo não têm condições de funcionar no Brasil da mesma forma que no exterior. O motivo para isso seriam as grandes distâncias entre os principais destinos do país, que prejudicam a eficiência das aéreas. "O preço das passagens aqui não será tão baixo quanto na Europa" , observou. No entanto, entre uma reclamação e outra, o executivo salientou que "o Brasil é único" e que o a indústria do turismo tem tudo para dar certo se os problemas forem resolvidos. Apesar dos entraves, os números da indústria continuam subindo. Dados do Banco Central divulgados ontem mostram que a entrada de turistas estrangeiros no país movimentou US$ 359 milhões em fevereiro, valor recorde para o mês e quase 10% maior que o registrado no ano anterior. A Embratur também divulgou que o total de passageiros que desembarcaram em vôos não-regulares (charter) no mês passado cresceu 7,4%. A próxima iniciativa do Iberostar vai nesse sentido. A empresa inaugura em junho três vôos charter semanais saindo da Espanha, Alemanha e Inglaterra para Salvador. Orlando Giglio, diretor de marketing e vendas no Brasil, disse que os vôos serão operados pela Iberoworld, companhia aérea do grupo. A empresa taxas de ocupação em torno de 90%. (RC)