Título: ANP terá mais peso no controle do álcool
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2006, Agronegócios, p. B16

Combustíveis

O Ministério da Agricultura e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) vão trabalhar juntos para monitorar a produção e os estoques de álcool no país a partir desta safra (2006/07). Mas, no caso do álcool combustível, a tendência é que a ANP passe a exercer um maior controle sobre produção e exportação, segundo admitiu Ângelo Bressan, diretor de Cana e Agroenergia do Ministério da Agricultura. Para a Pasta, a tendência significa perda de poder. Bressan confirmou que o governo federal está controlando os embarques de álcool, inclusive atrasando a liberação das licenças de exportação do produto para evitar o desabastecimento no mercado interno. "Esse maior controle vai ocorrer até maio, quando a colheita da cana se intensificará e a oferta se normalizará no país". Bressan participou ontem do seminário sobre açúcar e álcool promovido pela consultoria alemã F.O. Licht, em São Paulo. Bressan afirmou que o Brasil não deverá deixar de cumprir seus contratos de exportação de álcool. Procurada, a ANP informou que as discussões ainda não foram concluídas. O assunto voltará a ser discutido no próximo dia 7 de abril em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em Brasília. No mercado internacional, contudo, já há uma preocupação dos importadores de que a maior intervenção do governo brasileiro possa oferecer risco de desabastecimento, informou Christoph Berger, diretor da consultoria F.O. Licht. "Nos últimos dois anos, o Brasil exportou cerca de 2,5 bilhões de litros de álcool. Nesta safra, as projeções apontam embarques de 1,5 bilhão de litros", disse Berg. A F.O. Licht estima que a demanda internacional por álcool continuará firme neste ano. Os EUA deverão continuar como potenciais importadores. As usinas de açúcar e álcool do país reclamam da maior intervenção do governo sobre os preços e produção. Alegam que a quebra do acordo fechado em janeiro sobre os preços - com o teto de R$ 1,05 - ocorreu por conta da forte pressão da demanda. Para o açúcar, o cenário para curto e médio prazo é de preços firmes, uma vez que ainda há forte demanda por parte da Ásia e redução dos estoques mundiais, segundo Helmut Ahlfeld, diretor de commodities da F.O. Licht. Ahlfeld prevê ainda um déficit mundial para 2006/07 por conta dos estoques reduzidos.