Título: PSDB avança em aliança com Quércia em SP
Autor: César Felício e Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2006, Política, p. A8

Eleições Ala do PSDB vinculada a Alckmin não quer ceder vaga de vice na chapa para o PFL e ameaça o acordo

Primeiro colocado nas pesquisas de opinião quando o nome do prefeito paulistano José Serra (PSDB) não é relacionado para o governo de São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia já teria avisado a alguns aliados que não irá disputar o cargo caso o tucano se lance na disputa. Oficialmente, a posição do ex-governador é que a sua decisão política não depende de quem será o candidato do PSDB. Na hipótese de receber um apoio efetivo do PSDB e do PFL para concorrer ao Senado, Quércia deverá se animar a enfrentar o senador Eduardo Suplicy (PT) na briga pela cadeira, segundo a aposta de pemedebistas. Caso sinta que a sua presença na chapa não é pacífica, o ex-governador ainda hesita em disputar uma cadeira na Câmara ou ficar fora do processo eleitoral este ano. Nos últimos dias, as negociações evoluíram entre o PSDB e o PMDB em São Paulo e a verticalização não é vista como empecilho grave, a não ser que o ex-governador fluminense Anthony Garotinho (RJ) consiga a candidatura presidencial pelo partido, hipótese hoje pouco provável. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso esteve pelo menos duas vezes com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), além de ter conversado com Garotinho por telefone. O secretário municipal de Governo de Serra, Aloysio Nunes Ferreira Filho, encontrou-se com o próprio Quércia. Não há conversações entre o PT e o PMDB paulista. Caso se concretize, a aliança do PSDB com o PMDB e o PFL retiraria do quadro de candidatos opções conservadoras de voto que poderiam fragilizar Serra. Dentro da estratégia de limpar o quadro de candidatos, Serra esteve anteontem com o dirigente do PDT em São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical. O pré-candidato pedetista Carlos Apolinário, um vereador paulistano evangélico, chega a obter 10% nas pesquisas. A montagem de uma grande aliança faz a campanha de São Paulo afunilar para duas hipóteses: a polarização entre Serra e o candidato que o PT escolherá ou a vitória do tucano no primeiro turno. O acordo com o PMDB corre risco, entretanto, pela resistência da ala tucana mais identificada com o governador Geraldo Alckmin de ceder a vaga de vice-governador para o PFL. Segundo esta corrente, o PSDB deve ir para a eleição com uma chapa pura, para governo e vice. A justificativa é que os pefelistas já herdarão a prefeitura da capital e a Vice-Presidência na chapa nacional. Caso esta posição prevaleça, o PFL paulista deve pleitear a candidatura ao Senado, inviabilizando o acordo com os pemedebistas. A princípio, estão cotados para disputar cargos majoritários pelo PFL o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos e o secretário municipal de Educação de São Paulo, José Aristodemo Pinotti. A unção do PSDB que o prefeito esperava para sua candidatura à Presidência da República já veio para seu lançamento na disputa ao governo do Estado. Ontem, reforçando a aclamação feita por 128 prefeitos tucanos do Estado, os 22 deputados estaduais da sigla foram à sede do governo paulistano para declarar o apoio ao prefeito. Hoje, Serra receberá a bancada paulista da Câmara em seu gabinete. "Não podemos correr o risco de deixar o Estado nas mãos de irresponsáveis. É isso o que está pesando na decisão do prefeito", relatou o líder do governo na Assembléia de São Paulo, deputado Edson Aparecido, que foi o porta-voz da decisão dos deputados estaduais de apoiar Alckmin contra Serra em fevereiro. Cinco deputados foram com carros oficiais, no meio da tarde, para a conversa política com o prefeito. Apesar dos sinais evidentes de que deverá disputar, o prefeito paulistano continua mantendo aberta a possibilidade de permanecer no cargo . A decisão do prefeito José Serra sobre sua candidatura ao governo estadual paulista deve ser confirmada somente às vésperas do prazo final para a desincompatibilização do cargo, que é 31 de março. A aliados, Serra tem demonstrado sua inclinação em sair candidato.