Título: Oito ministros devem ser substituídos
Autor: Mônica Izaguirre
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2006, Política, p. A10

O apoio nas próximas eleições será o critério usado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir pelo menos oito ministros que deixarão o cargo, no fim da próxima semana, com o objetivo de disputar um mandato eletivo em outubro. No caso de amplo entendimento com o titular de saída, Lula pode deixar no lugar o secretário-executivo do ministério. Na divergência, deve optar por outro aliado. A reforma "está amadurecida", segundo um interlocutor do presidente. No momento, a maior dificuldade envolve a substituição do deputado Saraiva Felipe no Ministério da Saúde. A ala governista do PMDB pediu a cabeça do ministro, depois que a seção mineira deu apoio para a destituição do líder da bancada na Câmara, Wilson Santiago (PB), o que assegurou maioria na Executiva em favor das prévias partidárias para a escolha de um candidato a presidente. A ala governista quer substituir Saraiva Felipe pelo deputado sergipano Jorge Alberto, mas Lula ainda não decidiu. Saraiva Felipe, cujo conhecimento técnico causou boa impressão no Planalto, pode ser candidato a vice na chapa à reeleição do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). A verticalização das eleições dificultou a articulação do ministro. Outro mineiro, o ministro Hélio Costa (Comunicações), deixou a decisão para o final da semana: ele pode sair candidato ao governo do estado pelo PMDB com o apoio do PT, o que empurraria Saraiva Felipe para uma candidatura à reeleição de deputado. Saem do ministério, até sexta-feira, Alfredo Nascimento (Transportes), Ciro Gomes (Integração Nacional), Jaques Wagner (Relações Institucionais), José Fritsch (Pesca), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), Agnelo Queiróz (Esportes), José Alencar (Defesa), Saraiva Felipe (Saúde) e - talvez - Hélio Costa (Comunicações). Outros ministros políticos como Marina Silva (Meio Ambiente), Walfrido Mares Guia (Turismo) e Paulo Bernardo (Planejamento) decidiram permanecer no governo. O ministro Jaques Wagner afirmou ontem que está praticamente certo que vai ser candidato ao governo da Bahia - já teria, inclusive, começado a se despedir de algumas pessoas - mas que ainda precisava conversar com o presidente Lula sobre isso. No sábado, Wagner reuniu-se com petistas baianos, que cobraram dele uma posição. "A sua campanha precisa começar, os outros candidatos já estão se movimentando, os seus palanques estão praticamente montados", afirmou um petista. Jaques Wagner já expressou mais de uma vez o seu desejo de concorrer ao governo da Bahia. Mas expôs aos seus correligionários um dilema: "Eu afirmei, desde outubro, ao presidente Lula, que desejo candidatar-me ao governo estadual. Mas também disse que, se ele desejasse, eu ficaria no cargo de ministro. O presidente está me segurando pela minha palavra". Com a eventual saída de Wagner, o nome mais cotado no PT para assumir a coordenação política do governo é o do deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), que está em dúvida, pois teria de desistir da reeleição.