Título: Fundos de pensão querem explicações
Autor: Thiago Vitale Jayme e Cristiano Romero
Fonte: Valor Econômico, 23/03/2006, Política, p. A14

A quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa incomodou os grandes clientes da Caixa Econômica Federal. Nos últimos dias, grandes investidores procuraram o banco, preocupados com os rumos das investigações e com a freqüência deste tipo de prática pelos funcionários da Caixa. Para avaliar como a quebra irregular do sigilo afetou a imagem do banco no mercado, a Caixa vai encomendar uma pesquisa de imagem para uma consultoria. "Espero que o banco não tenha prejuízos", disse o vice-presidente da área de controladoria da Caixa, João Aldemir Dornelles. Segundo ele, o monitoramento diário dos depósitos e saques feito pelos clientes do banco não indica saída de recursos acima do normal nos últimos dias. Já na área de fundos de investimentos, grandes aplicadores, como fundos de pensão, procuraram a Caixa para saber o que estava acontecendo e o que o banco fará para inibir novos acontecimentos como este. "É natural que os investidores cheguem a questionar", avalia Wilson Risolia Rodrigues, responsável pela área de gestão de ativos de terceiros do banco. A Caixa faz a gestão de R$ 130 bilhões, incluindo fundos de investimento e carteiras administradas. Os executivos participaram na tarde ontem de uma reunião com analistas do mercado financeiro promovida pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). No encontro, os executivos apresentaram os números do banco em 2005, quando a Caixa teve lucro líquido recorde de R$ 2,07 bilhões. Os analistas estavam preocupados, porém, em saber como a quebra do sigilo estava afetando os negócios do banco. "Fizemos a apuração para chegar aos culpados. O resto agora é caso de polícia", disse Dornelles, ressaltando que até o momento os negócios da Caixa não foram afetados. O presidente do banco, Jorge Mattoso, não apareceu. O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, o principal acionista da Caixa, que havia confirmado presença, também não apareceu, segundo a Apimec, por uma confusão do horário da reunião.